Com mais de 230 mm de chuva em alguns municípios, lavouras já sentem excesso de água

A tão aguardada chuva no campo e na cidade, que chegou desde a noite da última sexta-feira (14) não deu trégua. Já são cinco dias de chuvas torrenciais, com volumes pluviométricos considerados recordes para a região. A mesma água que trouxe alento devido ao déficit hídrico, também já está prejudicando lavouras que estavam prontas para serem colhidas.

Na área de abrangência da Coamo Cooperativa Agroindustrial, os maiores volumes registrados até a manhã desta quarta-feira (19) são em Mamborê (238 mm); Piquirivaí (230 mm), e Juranda (217 mm). Os valores referem-se ao acumulado do mês. Em Campo Mourão são 160 milímetros de chuva até o momento. Somente de ontem para hoje foram 60 mm. 

A chuva atinge a região como um todo. Em Peabiru choveu até a manhã de hoje 215 mm; Roncador (208 mm); Engenheiro Beltrão (184 mm); Boa Esperança (160); Fênix (156 mm); Farol ( 154 mm); e  Araruna (100,5 mm).  “Precisava de chuva. Vínhamos de um período muito seco. Estava afetando o trigo. Porém o clima seco estava benéfico para a cultura do milho que estava em plena colheita”, falou o engenheiro agrônomo do entreposto da Coamo de Campo Mourão, Roberto Bueno Silva, ao chamar a atenção para o grande volume de chuvas em um curto período de tempo. 

De acordo com o agrônomo, embora bastante esperada e benéfica para as culturas, principalmente de inverno, a chuva forte acompanhada com vento na madrugada de sábado acamou lavouras de trigo, aveia e milho que faltava colher causando perdas.  Além disso, o excesso de água que se configurou até o momento vai afetar a qualidade do trigo que estava chegando a ponto de colheita, conforme o agrônomo.

“Temos cerca de 10% do trigo que deveria iniciar a colheita neste fim de semana e este excesso de chuva vai afetar a qualidade do grão”, observou. O excesso de umidade pode afetar também a qualidade do milho. Em alguns casos, como já chove há quase uma semana em grande quantidade o grão pode começar a brotar na espiga.  Silva informou que depois dos fortes ventos de sábado, vários produtores rurais que tinham milho para colher acionaram o seguro devido ao acamamento da lavoura, o que causou grandes prejuízos. 

Como ainda há previsão de chuvas para esta quarta e quinta-feira, o agrônomo disse acreditar que em alguns municípios o volume acumulado deverá atingir e até ultrapassar os 300 milímetros. “É um volume muito acima do normal para um curto espaço de tempo”, ressaltou. Para se ter ideia, em Campo Mourão, informou Silva, a média histórica de chuva para agosto é entre 50 a 60 mm. Ou seja, já choveu quase três vezes acima do esperado para o período faltando ainda quase duas semanas para o fim do mês. 

Temperaturas

A boa notícia aos produtores rurais é que as previsões de geadas dos órgãos de meteorologia para Campo Mourão e região para este fim de semana foram descartadas. Ou seja, mesmo com as baixíssimas temperaturas previstas, que deverão chega até 4Cº não haverá ocorrência do fenômeno.

Conforme Silva, se as previsões de geadas fortes se confirmassem poderia ocorrer uma catástrofe principalmente nas lavouras de inverno. “Se der uma geada forte este fim de semana como previa a meteorologia há 3 dias poderia afetar até 80% das lavouras, o que causaria grandes prejuízos”, afirmou. 

De acordo com o Sistema de Meteorologia do Paraná (Simepar), deve chover na região de Campo Mourão até esta quinta-feira (20). Na sexta-feira o céu será encoberto por nuvens. O sol só deve voltar a brilhar forte do sábado em diante. A partir de então o tempo deverá permanecer firme até o fim do mês, sem mais chuvas. 

Acumulado de chuvas na região

Mamborê  – 238 mm
Piquirivaí – 230 mm
Juranda  – 217 mm
Peabiru – 215 mm
Roncador – 208 mm
Engenheiro Beltrão  – 184 mm
Campo Mourão – 160,8 mm
Boa Esperança  – 160 mm
Fênix  – 156 mm
Farol  – 154 mm
Araruna – 100,5 mm

* Os valores referem-se até a manhã desta quarta-feira –  Fonte: Detec/Coamo