Com preços recordes, 71% da produção de trigo já foi comercializada na região

A colheita do trigo já encerrou na região de Campo Mourão. Os preços do cereal são os maiores dos últimos tempos, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado a Secretaria Estadual de Agricultura (Seab). Para se ter ideia do bom momento com a valorização, 71% da produção regional já foi comercializada pelos produtores, o equivalente a 170 mil toneladas de uma produção total de 240 mil toneladas.

Nesta sexta-feira, a saca de 60 quilos do cereal estava cotada em média a R$ 75,00 para venda ao produtor na região, um aumento de cerca de 40% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o preço praticado era em média R$ 46,50. Em relação a julho deste ano, o aumento é de 22,8% Naquele mês a saca de 60 quilos era vendida a R$ 58,00.

“Esse comportamento, segundo analistas do mercado, é fruto de uma demanda ativa alta dos grandes importadores como Egito, Turquia e Japão. Também a incerteza da safra na Argentina, principal fornecedor de trigo do Paraná. Sabe-se que as geadas e a seca afetaram as lavouras em diferentes estágios, principalmente na Região de Córdoba”, diz o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, em boletim informativo divulgado nesta sexta-feira (30).

Na região da Comcam, a área dedicada ao trigo nesta safra foi de 99.700 hectares. A estimativa inicial de produção era de 309 mil toneladas, porém houve uma quebra de 22,5% devido adversidades climáticas (estiagem), que prejudicaram a cultura. A produção total regional somou 240 mil toneladas, um rendimento médio de 2,4 mil quilos por hectare.

No Paraná, a colheita se aproxima do final com boa produção e ótima comercialização, segundo o Deral. Até o momento, 90% do trigo em todo o Estado está colhido. A colheita da safra deste ano teve um ritmo mais acelerado do que o das últimas safras, especialmente devido ao tempo seco que tem predominado no Estado.

O clima seco, aliás, bem como geadas em algumas lavouras suscetíveis, causou perdas. “Nota-se que, com exceção do Norte Pioneiro, as regiões de plantio mais precoce foram as mais prejudicadas pela seca. Esse fator, somado à perda por geadas no quadrante sudoeste, agravou a retração da produção”, diz Godinho. Segundo ele, de forma geral, as perdas representam 15% de recuo sobre o potencial produtivo, passando de 3,68 milhões de toneladas para uma projeção de 3,13 milhões, atualmente, no Paraná.

No Estado, de acordo com o Deral, o preço em ascensão fez com que os produtores comercializassem rapidamente a safra, sendo que 47% da produção já teve seu preço fixado, no maior patamar desde que este número de comercialização é acompanhado, há 15 anos. “Os moageiros aguardavam a entrada da safra neste ano para que pudessem voltar a comprar trigo mais barato localmente, pois a cotação do dólar encarecia bastante o produto importado. Com poucos negócios, os preços do mercado interno distanciaram-se da paridade de importação”, falou o agrônomo.

Porém, logo que as primeiras lavouras foram colhidas com produtividades abaixo do esperado, esta demanda reprimida trouxe o preço interno para valores mais próximos ao do mercado internacional rapidamente. “Com os preços internacionais também se valorizando, e novamente o dólar ganhando força frente ao real, ficou ainda mais fácil para os triticultores do Paraná se colocarem no mercado com preços remuneradores, e ainda assim com um desconto sobre o trigo de outros países”, acrescentou.