Conselho Tutelar de Campo Mourão terá sede própria

O Conselho Tutelar de Campo Mourão, que atualmente funciona no mesmo prédio da Secretaria Municipal de Assistência Social, terá sede própria. “Já temos o terreno e os recursos para construção, através do Fundo da Infância e da Adolescência, também já estão liberados para o município”, explicou a presidente do CT, Vera Zagoto. A sede, segundo ela, será nas proximidades do Ginásio JK, ao lado do Centro de Iniciação Profissional e as obras devem começar no primeiro semestre de 2020.

Uma sede própria para o Conselho foi uma das bandeiras da presidente, que entrega o cargo no próximo dia 7 de janeiro, quando serão empossadas as novas conselheiras. Vera, que não disputou a reeleição, está na presidência do CT desde 2016. Ao fazer um balanço do mandato, ela destacou a informatização do órgão que zela pelos direitos da criança e do adolescente, bem como a aprovação do Regimento Interno.

“Nosso trabalho foi bastante intenso. Quando assumimos em 2016 a estrutura era precária, especialmente no que se refere a documentação. Tudo foi informatizado e agora temos uma pessoa para alimentar o sistema”, explica Vera. 

Em 2016 o CT contava com dois veículos usados e em situação precária. “Conseguimos um veículo novo do governo federal, com apoio do deputado Rubens Bueno e outro do Estado, com recursos do FIA”, explicou. Também foram adquiridos bebedouro, cinco computadores e impressora por meio do governo federal e alguns equipamentos do governo do Estado. Os carros usados foram leiloados e o CT encerra o ano com dinheiro em caixa.

Sobre a experiência no Conselho, Vera destaca o próprio crescimento pessoal. “A cada atendimento a gente cresce. Eu melhorei como pessoa. O conselheiro tem que ter essa empatia de se colocar no lugar da pessoa atendida e jamais ter senso comum”, sintetiza. Segundo ela, foi um mandato de muitos embates. “Procuramos melhorar o ambiente, a estrutura, a rede e priorizar o diálogo. Se desde o início houvesse o diálogo que temos hoje não teria tanto desgaste da equipe como tivemos”, ponderou.

Dificuldades

A falta de estrutura familiar é apontada por ela como a principal dificuldade enfrentada pelo Conselho. Muitos pais não sabem educar, não sabem dar amor aos filhos. A criança não tem um norte e aí desencadeia problemas como drogadição e até crimes”, explica.

E o problema, segundo ela, não escolhe classe social. “Muitos que tem condições financeiras costumam delegar a terceiros a educação dos filhos. E quem não tem, geralmente o pai e a mãe trabalham e a criança também fica desassistida. Enfrentamos muitos problemas envolvendo vícios, especialmente bebida alcoólica”, acrescenta.

 O Estatuto da Criança e do Adolescente, na visão dela, garantiu muito mais assistência e conscientização da sociedade. “Existe hoje uma rede de atendimento, uma prioridade para as crianças”, analisa. O que ela lamenta, é a falta de punição efetiva a infratores em muitos casos, apesar do amparo legal. “Existe a lei mas os infratores não estão sendo punidos como deveria”, afirma.

Ela cita como exemplo o problema da evasão escolar. “Pelo Código Penal  é crime não prover a educação aos filhos. Quando isso acontece, o Conselho notifica a família e caso não sejam tomadas providências é  levado para o Ministério Público. Só que muitas vezes a lei não é aplicada ou se é, de maneira muito branda”, reforça.  
Com a experiência adquirida no Conselho, a presidente diz que em vez do agressor, algumas vezes a criança agredida no ambiente doméstico é que acaba recebendo a punição. “Além de sofrer os maus tratos, ela tem que ser levada para uma instituição, quando a lei diz que quem deve sair é o agressor. Mas infelizmente o agressor fica e muitas vezes a mãe fica do lado dele”, lamenta Vera.