“Esse Natal se parece muito com o primeiro”, diz padre Gilson

Em Campo Mourão para as celebrações natalinas na fraternidade religiosa O Caminho, o padre Gilson Sobreiro fez uma analogia sobre a situação atípica causada pela pandemia do Covid-19 com a história do Natal relatada na Bíblia. “Esse Natal se parece muito com o primeiro”, disse o padre, que recebeu a reportagem da TRIBUNA na Vila Franciscana, onde ele vai celebrar a missa de Natal nesta quinta-feira (às 19 horas) e também na sexta-feira (25), no mesmo horário.

Para ilustrar sua reflexão, o padre lembrou da situação adversa vivida por José e Maria para que Jesus nascesse. “Primeiro tiveram que sair de Nazaré para Belém com Maria sentindo as contrações para dar a luz. Bateram de porta em porta, mas estava tudo lotado, como estão agora as UTIS. Depois do nascimento tiveram que viajar para mais longe ainda, com o bebê tão frágil, com medo do tirano que queria matá-lo”, pondera. 

Ao referir-se a tradição do presépio que simboliza o Natal, o padre chama atenção para a realidade daquela ocasião. “O presépio não era um lugar romântico. Era onde os animais dormiam, onde tinha excrementos, tinha mosca, tinha mau cheiro. E ali a dor do parto, a dor de quem sabe perder o filho”, observa. 

Ele lembra que o primeiro Natal também foi de medo e insegurança. “Talvez o medo do vírus hoje seja parecido com o medo que Maria e José sentiram, a insegurança. Mas quem tem a última palavra é aquela criança colocada numa manjedoura. Que veio para restaurar a nossa esperança. Ele tem vida para nos dar e vamos sair dessa pandemia, ainda mais fortes e, Deus queira, ainda mais crentes”, enfatizou.

Na celebração da missa no domingo, padre Gilson também fez uma analogia do momento de espera pelo Natal com a espera pela vacina contra o Coronavírus. “A humanidade espera por essa vacina, apesar de tantos discursos contraditórios. Existe essa expectativa, como existiram outras, em situações parecidas do passado. Se a gente pegasse um terço que fosse dessa expectativa e colocasse no Natal, iriamos celebrar como se fosse o primeiro, o último e o único. Que venha a vacina, mas a maior razão da nossa esperança é Jesus”, acrescenta.

Padre Gilson reforça a importância de manter a esperança. “Este ano algumas famílias vão passar o Natal lembrando que naquela cadeira sentava o pai, ou a mãe. E de repente o Natal será uma experiência marcada pela perda. Mas se mantivermos a esperança em Jesus, nossa fé nos dirá que agora não precisa mais fazer memória do Natal, porque já estão com o Salvador”, argumenta.

Trabalho

Fundador da Fraternidade O Caminho, padre Gilson afirma que a pandemia não chegou prejudicar o trabalho executado por eles. “Talvez muita coisa que poderia ter acontecido não aconteceu. Mas muitas coisas boas aconteceram. A missão do nosso carisma é estar nos fronts. Em vários países, estamos trabalhando com a população que vive nas ruas. Não teve como nos ausentarmos quando tudo se ausentou. Foi ainda mais necessária a nossa presença contínua ali”, completou.