Feitos de carne e osso, Allysson e Edson foram os heróis de uma tarde fria e chuvosa

Sábado, 19 de junho, às 15h. O vendedor Allysson Mateus Vieira, 23, e a noiva, se dirigiam ao sítio do sogro, em Mamborê. Numa tarde chuvosa, decidiram desviar a praça do pedágio. Então, pela via sem cascalho, apenas de terra, encontrou um menino de 14 anos pedindo socorro. Estava todo molhado, com barro pela roupa e uma das orelhas sangrando. O carro da família havia escorregado e caído da ponte, ficando virado e com a água atravessando seu interior. Dentro, o irmão, de seis anos e a mãe, não conseguiam sair. Desesperado, ele clamava ajuda. 

Sem pensar duas vezes, Allysson deixou o automóvel e correu para ajudar. Sobre a ponte, ele avistava o desespero de um homem, ainda dentro do veículo. Era o pai, que tentava retirar a mulher e o filho mais novo. O vendedor avançou sobre o rio e se pôs a colaborar. Vendo a cena, temeu pelo pior. Por alguns momentos, a mulher ficou com o rosto sob a água. Ela podia se afogar. 

Morador local, Edson também passou no momento do acidente. Sem hesitar, desceu o barranco e ajudou. Ao lado de Allysson, e do pai, iniciaram movimentos para tentar desvirar o veículo. E foi numa dessas tentativas, que a esposa conseguiu ser retirada. Presa com o sinto de segurança, não conseguia se soltar. 

Enquanto a luta acontecia no rio, na estrada a noiva de Allysson ligava aos bombeiros. Ela também recolheu o menino no seu veículo e o manteve aquecido até o desenrolar do acidente. Juntos, o pai e os heróis daquela tarde também conseguiram retirar a criança de seis anos. Foram todos salvos. O morador local, além de ajudar, foi até sua casa e trouxe gelo, cobertas e roupas secas à família. A TRIBUNA não conseguiu levantar os nomes dos familiares.  

Além do menino de 14 anos, com ferimentos em uma das orelhas, a mãe também se feriu. Ela bateu com o rosto no painel do carro, sofrendo uma lesão na testa. Acionado, o Samu foi até o local e prestou atendimento às vítimas. Allysson, ao descrever o acidente, revelou que, uma vez a família não recebesse ajuda, possivelmente, aconteceria uma tragédia. Ele passou no lugar e na hora exata para ajudar. Juntos, Allysson e Edson foram os heróis daquela tarde fria e chuvosa. Mas diferente dos gibis, os dois sangram. São de carne e osso, e movidos por uma empatia sem limites.        

Perigo

De acordo com moradores da região, esse foi o segundo acidente, somente em junho, na mesma ponte. Trata-se de uma estrada sem cascalho e, em dias de chuva, transforma-se em perigo, principalmente, por ser extremamente escorregadia. 

Embora pequena, até pouco tempo, segundo informaram, a ponte mantinha proteções em suas laterais. Mas acabaram sendo retiradas. É que, segundo os moradores locais, alguns produtores rurais não conseguiam passar com máquinas pesadas, como colheitadeiras. “Nós já denunciamos a falta de segurança desta ponte à prefeitura. Mas até agora nada foi feito”, revelou um dos moradores. A TRIBUNA entrou em contato com o município de Mamborê, mas informaram que o trecho pertence ao município de Campo Mourão. 

Diretor da Codusa, Luiz Carlos Malavazzi disse que a prefeitura pretende arrumar o trecho. “Claro que pretendemos arrumar, está na programação. Temos algumas estradas daquela região que serão melhoradas”, disse. Segundo ele, trata-se da região mais distante da cascalheira para efetuar o transporte. “Tanto é que estamos com depósito de cascalho no pátio da Coamo em Piquirivaí, que liberou para que possamos agilizar nosso serviço quando iniciarmos”, explicou.