Historiador mourãoense lança livro sobre a corrupção e queda do governador Leon Peres

O historiador mourãoense Jair Elias dos Santos Junior marcou para o dia 23 de novembro, em Curitiba, o lançamento do livro “1971 – conspiração, conflitos e corrupção: a queda de Haroldo Leon Peres”. A obra, escrita em parceria com o jornalista curitibano Jean Feder, demorou 12 anos de pesquisas e tem 650 páginas.

“O livro traz uma farta documentação do Serviço Nacional de Informações (SNI) e que coloca uma versão definitiva num episódio que, ainda hoje, está cheio de versões”, ressalta o historiador. O valor do exemplar é R$ 59,90 e pode ser adquirido no lançamento diretamente com o autor.

A partir dos estudos realizados, o historiador mostra no livro que, diferente do que muitos afirmam, havia corrupção no regime militar. A principal fundamentação para sustentar essa afirmação foi o conturbado mandato de pouco mais de oito meses de Leon Peres como governador do Paraná, em 1971. Ele tomou posse no dia 15 de março e renunciou em 22 de novembro do mesmo ano.

“Apesar de curto o governo dele foi marcado por muitas brigas políticas e o fator preponderante para a queda foram negociações que envolveram corrupção”, garante Jair Elias. As provas de corrupção, segundo ele, estão publicadas no livro. “Tem cópia de cheque e relatórios de um general afirmando que era comum o oferecimento de propina a empresas”, sustenta o historiador.

Segundo ele, foi preciso montar um verdadeiro quebra-cabeça para encaixar as informações publicadas e não publicadas para se ter uma compreensão geral do que aconteceu. “Arquivos liberados pelo SNI sobre esse processo ajudou a complementar o trabalho”, afirma. As brigas do governo com as forças políticas e empresariais do Estado, segundo o historiador, causaram desgaste com a presidência da República, na época comandada por Garrastazu Médici.

Ele ressalta que como Leon Peres foi nomeado pela ditadura, achava que o governo poderia fazer tudo. “Brigou com os deputados, com o Tribunal de Contas, com o Tribunal de Justiça, com a imprensa, que boa parte era ligada ao Paulo Pimentel e criou um clima terrível no Estado”, relata o historiador. Além da invasão dos estúdios da TV Iguaçu, outros fatos mostram a difícil relação que o governador teve com a imprensa. Os jornais, rádios e canais de televisão de Curitiba receberam ordens de censura, por meio de bilhetes, proibindo matérias contra o governo.

O historiador explica que teve acesso aos dossiês elaborados pelo SNI, que investigava o governador, o irmão dele e colaboradores desde outubro de 1971, quando um dos maiores empreiteiros do Brasil, Cecílio do Rego Almeida, montou uma arapuca que capturou o governador, que foi forçado a deixar o governo em novembro. “O caso mereceu uma ampla reportagem da Revista Veja, que foi apreendida logo depois. Também vamos revelar os bastidores de como a Veja fez a reportagem, com verdades e contradições. E como uma corrupção motivou outras”, resume.

Serviço

Lançamento será dia 23 de novembro (terça-feira), às 19h, nas Livrarias Curitiba do Shopping Barigui, em Curitiba.