Índios voltam a se instalar em área pública em Campo Mourão

Um grupo de índios de uma reserva de Manoel Ribas voltou a se instalar em Campo Mourão, em um terreno da prefeitura às margens da Perimetral Tancredo Neves. O local não era ocupado por eles há quase dois anos, depois que o município fez uma limpeza no local e na época chegou a anunciar a revitalização do espaço público. Nesta semana, porém, o grupo chegou e montou quatro barracos de lona no mesmo local.

A presença dos índios gera transtornos e muita reclamação da vizinhança, especialmente pela falta de higiene e insistência em vender artesanato. A secretária municipal de Ação Social, Márcia Calderan, disse que conversou com o grupo, formado por 17 adultos e 4 crianças. “Eles disseram que já tomaram a vacina contra Covid-19, mas enviei a lista com os nomes deles hoje para Manoel Ribas para confirmar essa informação”, disse a secretária.

Sobre a reclamação dos moradores que cobram uma solução, a secretária diz que a prefeitura tem pouco o que fazer. “Estamos estudando uma forma de resolver a questão dentro da legalidade, porque eles também têm o direito de ir e vir”, esclarece. A maior reclamação dos vizinhos é o mau cheiro causado pela falta de condições mínimas de higiene (principalmente banheiro) e o lixo a céu aberto que eles deixam, propício para proliferação de insetos. 

Em 2018 um representante da Funai, Ivaci Ribeiro, esteve em Campo Mourão e explicou por conta da desestruturação da FUNAI as reservas ficaram praticamente sem assistência. “Com isso as famílias ficaram sem orientações e passaram a acampar nas cidades para vender artesanato e manter a cultura nômade”, sintetizou.

Ele disse ainda que os índios que acampam em Campo Mourão são da etnia caingangue, de Manoel Ribas, onde residem mais de 450 famílias. “Algumas famílias se revezam nesse acampamento em Campo Mourão”, revelou Avaci na época, o lembrar que o problema é enfrentado também por outras cidades.