Juiz pede paciência no dia da eleição e alerta eleitor para voto consciente

Com a eleição municipal cada vez mais próxima – a votação será no próximo domingo, dia 15- o juiz Cezar Ferrari, titular da 183ª Zona Eleitoral de Campo Mourão, comentou sobre o pleito, que acontece este ano de forma atípica devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). O magistrado falou sobre vários temas. Um dos principais alertas, é que o eleitor tenha em mente o voto consciente.

Segundo o juiz, a pessoa que se submete à mercantilização do voto, além de fomentar a desqualificação do processo de escolha do candidato, acaba por desperdiçar a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento político-social da comunidade local, na medida em que carece de racionalidade o processo de escolha do representante político norteado exclusivamente pelo interesse próprio do eleitor.

Com as limitações e restrições impostas pela pandemia, a campanha eleitoral está sendo bastante calma em Campo Mourão e região este ano. O mesmo e esperado pelo juiz para o dia do pleito. “Esperamos uma eleição tranqüila e que os melhores candidatos do momento se elejam. Esperamos que estas pessoas que receberem o voto e a confiança do eleitor atendam as necessidades de cada munícipe e que tenhamos um bem estar geral na população de cada um dos municípios que elegerão seus prefeitos e vereadores no domingo que vem”, frisou.

A legislação eleitoral proíbe a realização de atividades de aliciamento de eleitores e outras ações que tenham o objetivo de convencer o cidadão que se dirige à seção eleitoral, no dia da votação. A chamada “boca de urna” é crime e será fiscalizada pelas autoridades. A regra estabelece como punição a detenção de seis meses a um ano e multa, alertou Ferrari. Por outro lado, a legislação permite no dia do pleito a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por agremiação partidária, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de broches, camisetas, adesivos, entre outros. 

“A democracia é um valor essencial das sociedades em desenvolvimento e o seu exercício pressupõe o amadurecimento na tomada de decisões. Para que a participação ativa do cidadão na vida política local aconteça de forma consciente e responsável, deve o eleitor ter em mente que todos os votos possuem o mesmo peso político e, por conseguinte, a mesma importância na definição do futuro da comunidade em que se encontra inserido”, falou Ferrari, a comentar que para que a escolha popular se materialize de forma minimamente responsável, faz-se necessário que o eleitor priorize as promessas factíveis em detrimento de propostas mirabolantes ou de viés meramente populista. Leia abaixo a entrevista completa. 

Tribuna do Interior – A cinco dias das Eleições Municipais, qual a expectativa para o pleito?
Cezar Ferrari  – Conforme vai aproximando o período de votação a gente já tem conhecimento de outras eleições que as discussões acabam ficando mais acirradas. O que pedimos é muita calma. Que os candidatos façam a campanha e busquem os seus votos de uma maneira mais legítima possível, com respeito.  As pessoas devem buscar cada vez mais maturidade, tanto os candidatos quanto os eleitores, buscando um voto maduro para escolher o melhor candidato. A Justiça Eleitoral está aqui para ajudar e fazer que o processo aconteça. O que tiver de problemas as portas da Justiça Eleitoral estão abertas para tentar solucionar. A gente vem fazendo isso já há um bom período e acreditamos que tudo transcorra dentro da melhor maneira possível até domingo.
 
Para o dia das Eleições, haverá reforço policial nas ruas?
Sim. Já fizemos uma reunião com o comando da Polícia Militar e nesta quinta-feira (12) teremos mais uma reunião para conversar, repassar orientações, discutir o que já aconteceu em outras eleições. Há um compromisso formal de aumentar o policiamento para ajudar a coibir qualquer tipo de tumulto, ilícito ou crime eleitoral também. A gente acredita que as pessoas  estão cada vez mais tomando consciência de que o crime não compensa e que as eleições devem ser ganhas de maneira legítima. Então acreditamos que teremos cada vez menos problemas nas eleições.
 
Um crime bastante comum no dia da eleição é o já conhecido derrame de santinhos nas vias públicas. Como a Justiça Eleitoral vai agir para coibir esta prática?
Tanto servidores da Justiça Eleitoral, Polícia Militar, Ministério Público, e próprios fiscais dos partidos, poderão fazer denúncias neste sentido para a Justiça Eleitoral. E vamos estar apurando. Sobre o derrame de santinhos espero que seja uma prática não usada nestas eleições. Espero que os candidatos reflitam muito sobre isso. Derrame de santinhos nada mais é do que jogar lixo no chão. Eu não acredito que um candidato vença uma eleição com base neste tipo de procedimento. Eu até acredito que as pessoas que verificarem isso no dia da eleição têm que pensar bem se este candidato que fez este tipo de conduta merece a confiança e o voto dele. Porque ninguém quer uma cidade com lixo no chão.
 
A eleição será atípica neste ano devido a pandemia do coronavírus. A Justiça Eleitoral está preparada para isso?
Sim. Desde o início, com o adiamento das eleições, foi uma forma de tentar uma melhor preparação para este dia. Já temos várias orientações. As pessoas têm que votar com máscara e manter o distanciamento. A aglomeração no dia da eleição já é para ser evitada mesmo sem pandemia. Então com muito mais razão este ano, todos devemos tomar o cuidado de apenas ir ao local, votar e retornar para casa para evitar que as pessoas se aglomerem. Vai ser necessário um pouco de paciência. Mas vai dar tudo certo. Foi ampliado o horário de votação, vai começar às 7 horas. Tem até uma orientação para que as pessoas mais idosas se dirijam ao local para votar na parte da manhã. Pedimos que as pessoas respeitem isso e deixem os mais idosos votarem no início. A gente costuma verificar que muita gente quer votar pela manhã. Então geralmente verificamos muita fila a parte da manhã, mas não há essa necessidade. Pelo menos este ano respeite isso porque muitas vezes na parte da tarde o eleitor nem pega fila. È preciso uma reflexão neste sentido. 
 
Por conta da pandemia este ano não haverá votação por biometria. Certo?
A biometria não será exigida no dia eleição, isso porque esse instrumento propicia a aglomeração de eleitores e facilitaria o contato com objetos e superfícies, contrariando, desta forma, os protocolos de segurança sanitária destinados a evitar a disseminação do coronavírus. Com a biometria seria muito difícil fazer um controle. Se uma pessoa por ventura estiver contaminada com o vírus poderia contaminar as demais.  Tem que se evitar o contato físico entre as pessoas e o contato em um mesmo instrumento também facilitaria a contaminação. Por isso foi suspensa esta ferramenta nas eleições deste ano. 
 
Além de todas estas questões abordadas, o voto consciente talvez seja a peça chave mais importante no processo eleitoral. Como o senhor vê esta questão?
A gente deseja que o eleitor faça uma reflexão dos candidatos, escolha aquele que entender melhor e respeite a opinião do outro. Cada um tem uma forma de pensar. A eleição é para isso mesmo. A gente tem que ter a consciência de que às vezes a verdade que serve para um não serve para  o outro. Então cada um deve buscar a melhor escolha. A gente acredita que as pessoas estão cada vez mais evoluindo neste sentido no Brasil. Sabendo mais da importância que é exercer o seu direito ao voto porque nós vamos estar escolhendo os vereadores e o prefeito da nossa cidade por um período de quatro anos. Então só daqui quatro anos teremos novas eleições. Então não exercer o direito ao voto amanhã é você estar deixando que os outros escolham por você. E depois você não vai poder reclamar porque não exerceu seu direito do voto no dia da eleição. Então espero que as pessoas venham votar e reflitam bem sobre o voto. Escolham bem e respeitem o resultado das urnas.
 
A urna eletrônica é 100% segura?
Com toda certeza. Acredito que cada país tenha sua realidade e sua forma de fiscalizar, principalmente nas democracias. Os americanos, por exemplo, têm o sistema deles, a forma de fiscalizar e há muito tempo utilizam este meio. Nós evoluímos para as urnas eletrônicas. Acredito que ela fornece mais segurança e também muito mais agilidade, principalmente na divulgação dos resultados. As urnas eletrônicas são muito seguras. Não existe esta conversa de invasão por hackers. As urnas não estão expostas na internet como muita gente divulga. É muito triste quando as pessoas desconfiam. E muitas vezes sem conhecimento.

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