Léa conseguiu quitar os aluguéis

Após a repercussão sobre a matéria “Léa precisa de ajuda”, veiculada neste jornal, a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Campo Mourão reuniu cerca de 50 pessoas e arrecadou R$ 1,4 mil. O dinheiro foi levado diretamente até a proprietária do imóvel. Léa e sua família estavam com três aluguéis atrasados. Ela tinha medo de ser despejada a qualquer momento. O valor levantado não só quitou os atrasados, R$ 1050, como serviu para o aluguel de maio, R$ 350.

Os agrônomos receberam a postagem da matéria em seu grupo de whatsapp. Sensibilizados com a família, decidiram agir. Foram muitos profissionais que doaram. Valores entre R$ 50 e R$ 100. Também se propuseram a pagar contas de água e luz. Mas já tinham pagas. Léa explicou que a alimentação está farta. Eles receberam diversas cestas básicas da população.  

Léa é casada e possui seis filhos. Com o coração maior que ela mesma, acolheu dois irmãos desempregados. Agora, a casa está cheia. São 11 pessoas. Mas ainda falta trabalho e renda. Léa é dona de casa. Cuida de oito crianças. Sendo seis só dela. O marido faz bicos. E esta é a única grana que chega. Gilberto, seu irmão, tenta pensão da morte da esposa aos filhos. Nem mesmo o benefício de R$ 600 do governo ele conseguiu. “Fiquei duas horas na fila do banco. Disseram que ainda não caiu para mim”, disse.

Gilberto morava há pouco mais de um ano no interior de São Paulo. Ariranha, próxima a São José do Rio Preto. Lá, era casado com Sirlei e tinha um filho. O marido trabalhava como encarregado num frigorífico. Tudo ia bem. Mas a esposa ficou grávida de uma menina. Uma benção. Foi ao hospital. Ganhou o bebê. De alta, foi para casa. Ficou mal. Três dias após o parto, morreu. Segundo ele, água nos pulmões. Viúvo e com duas crianças, decidiu voltar a Campo Mourão. Foi quando encontrou o abraço fraterno da irmã, Léa. 

Desde então, não conseguiu mais emprego. Saía todos os dias com sua magrela e a pastinha com curriculuns para entregar em empresas. Nunca teve sucesso. Queria sua carteira registrada. Uma garantia de segurança e conforto à família. Enquanto isso, nas ruas, vendia kits com vassoura, rodo e pá. Ele comprava o material e os revendia. Lucrava R$2 por kit. Mas teve que gastar a grana. Ficou sem capital para adquirir mais produto. Hoje, não está conseguindo nem pequenos serviços. Como carpir um terreno, disse. “Se eu conseguisse comprar esses kits, seria uma forma de colaborar na casa”, explicou.