Perdas com estiagem impactarão diretamente arrecadação de municípios, alerta Comcam

As perdas causadas pela estiagem prolongada, que já atingem a cifra de bilhões de reais na região de Campo Mourão, afetará diretamente a população e municípios, que sofrerão com os impactos. Além de produtos mais caros nas prateleiras dos supermercados, as cidades perderão com a arrecadação. A preocupação é do presidente da Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Comcam), Leandro César Oliveira, prefeito de Araruna.

Devido a situação, os municípios pertencentes à Comcam vêm decretando situação de emergência. Em Araruna, a medida já foi adotada desde setembro do ano passado, quando o regime de chuvas já ficou abaixo do esperado. “Todos os demais municípios decretarão emergência”, diz Oliveira. O presidente destacou que o decreto facilita aos municípios atender, por exemplo, aviários, pecuaristas, entre outros, e auxilia os produtores rurais a estarem acionando o seguro rural, entre outras medidas de renegociação de dívidas junto às instituições financeiras.

“A Comcam, como grande parte do Paraná, é essencialmente agrícola e vem sofrendo muito com a falta de chuva. A situação é calamitosa”, ressaltou Oliveira. Ele lembrou que alguns municípios já estão com dificuldades, inclusive, em manter o abastecimento de água potável à população. “A gente torce que chova logo para que não venha faltar água”, preocupou-se.

O presidente disse que em seu município, os produtores estimam uma quebra de produção de até 70% da safra de verão. A frustração da safra, segundo ele, impactará no próximo ano na arrecadação dos municípios. “O nosso pedido à população é para que economize água. Tenha consciência para passarmos este momento”, falou. Oliveira acrescentou que atualmente, na Comcam, a estimativa é que 130 mil famílias de produtores já foram diretamente afetadas pela seca. “Somente no município de Araruna são cerca de 430”, frisou.

Estragos

Técnicos do governo começaram a percorrer regiões produtoras do Paraná nessa segunda-feira (10) para avaliar estragos decorrentes da estiagem severa que atinge o estado há três anos.

A comitiva é formada por técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Também participam das reuniões representantes sindicais locais, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) e outras entidades com atuação agropecuária.

O relatório resultante dessas reuniões será levado ao Mapa para que sejam definidas possíveis medidas de apoio aos produtores prejudicados. Em Campo Mourão, a reunião aconteceu na sede da Cooperativa Coamo. Os representantes da entidade apresentaram preocupação com a estrutura das empresas seguradoras em relação à quantidade de peritos e a demora na liberação das áreas para que possam ser feitos novos plantios.

De acordo com o presidente-executivo da Credicoamo, Alcir José Goldoni, até o momento, 52% dos seguros dos cooperados já foram acionados, o que representa R$ 1,2 bilhão.

Nos 25 municípios da região, a quebra na soja foi superior a 45% e, no milho, acima de 54%, informa a Faep (Federação da Agricultura do Paraná). Conforme a entidade, segundo o representante da Seab na região, somadas essas perdas às do trigo e do milho safrinha, o prejuízo chega a R$ 6 bilhões. Outra preocupação dos produtores presentes foi a quebra nos campos de sementes. De acordo com a Coamo, com a estiagem, estima-se uma quebra de 20% nas sementes de soja produzidas pela cooperativa.