Prefeitos recorrem ao Estado para evitar fechamento de maternidade da Santa Casa de CM

Após o anúncio pela diretoria da Santa Casa de Campo Mourão, na quarta-feira (20), do possível fechamento da maternidade devido às dívidas de R$ 50 milhões acumuladas pelo hospital, prefeitos da Comcam participaram nessa quinta-feira (21), de uma reunião online com o presidente do hospital, Pedro Henrique Baer, entre outros membros da diretoria, para discutir a situação.

Durante o encontro, o presidente expôs a situação e reafirmou que se o Hospital não conseguir arrecadar recursos que superem os gastos para evitar o acúmulo de dívidas não haverá outra alternativa que não seja a suspensão do serviço de maternidade. Vários municípios da Comcam, que não têm hospital, encaminham gestantes para ganharem seus bebês na Santa Casa do município. Ou seja, o fechamento da ala geraria transtornos à população de várias cidades, inclusive de Campo Mourão.

O presidente da Comcam e do Condescom, Leandro Cesar Oliveira, prefeito de Araruna, comentou que a notícia é preocupante e que se o serviço for suspenso vários municípios e a população serão severamente prejudicados. Oliveira informou que após a reunião dessa quinta com a diretoria da entidade, fez contato com a Casa Civil do Paraná que agendará uma reunião online entre prefeitos e Santa Casa, na segunda-feira (25), com técnicos da área da Saúde do Estado para discutirem o problema. Até o momento o horário ainda não foi confirmado.

“A Santa Casa acumula uma dívida que não é de hoje. Contas de serviços prestados em que os valores encaminhados pelos governos não cobriram os gatos. Em Araruna, por exemplo, temos hospital. Recebemos do SUS R$ 350,00 para um procedimento de vasectomia, mas este valor não cobre a cirurgia e o hospital vai absorvendo esta diferença”, disse Oliveira ao comparar à situação da Santa Casa.

Em um primeiro momento, conforme o presidente, tem que ser feito o que já prevê a diretoria da entidade, que é ‘estancar’ os gastos excessivos. Depois resolver o problema, buscando recursos para pagar a dívida que se acumula. “Entendemos que será necessário uma grande movimentação política da nossa região envolvendo nossos deputados Douglas Fabrício, Márcio Nunes e Rubens Bueno para resolver essa gravíssima situação”, destacou.

O presidente ressaltou que a Santa Casa está sediada em Campo Mourão, mas ao contrário do que muitos pensam, o hospital não é da cidade. “Pertence a todos os 25 municípios da Comcam. É da região. Ou seja, é um problema nosso e não só do prefeito Tauillo”, afirmou.

Oliveira exemplificou que Araruna possui hospital que faz atendimentos de partos, mas que vários outros municípios não têm esta estrutura. “Hoje nossas crianças nascem todas em Araruna. Mas vários outros municípios não têm este serviço. E como presidente da Comcam não posso olhar só para a minha cidade, mas para a Comcam como um todo. Com a união dos prefeitos e também do hospital, vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para resolver esta demanda”, afirmou.

Fechamento da maternidade

A possibilidade de fechamento da maternidade foi revelada por Pedro Baer durante a assembleia de prestação de contas do hospital referente ao ano de 2021 na noite de quarta-feira. A Santa Casa acumula uma dívida no valor de cerca R$ 50 milhões. Segundo Baer, é preciso haver uma atualização da tabela do SUS (que há 20 anos está defasada) para o aumento nas receitas do hospital. “A Santa Casa vem há anos com prejuízos. Os recursos da receita não aumentam e os repasses não são suficientes para cobrir os custos”, disse ele, ao afirmar que a única saída é o hospital começar a suspender serviços deficitários, como a maternidade, por exemplo. Cada parto custa aproximadamente R$ 1.200,00.

De acordo com informações repassadas pela diretoria da Santa Casa, durante a prestação de contas, atualmente 90% dos atendimentos do hospital são pelo SUS e as tabelas estão desatualizadas há pelo menos duas décadas. Em contrapartida os custos de medicamentos, insumos, entre outros materiais vêm aumentando. “É quase impossível manter o hospital”, lamentou o presidente.