Presidente do Ciscomcam diz que é preciso ‘pacificar’ Santa Casa para diálogo com prefeitos

Em crise financeira, com dívidas que se aproximam de R$ 60 milhões, e institucional, a Santa Casa de Campo Mourão foi lembrada pelo presidente do Ciscomcam (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de Campo Mourão), Rafael Brito do Prado, prefeito de Moreira Sales, durante reunião de prefeitos, em Mamborê, na sexta-feira (1º). Ele disse que é preciso ‘pacificar’ o hospital para que tenha diálogo com os municípios.

O presidente do Consórcio de Saúde afirmou que a atual diretoria do hospital tem dificuldade de diálogo com o município de Campo Mourão e, principalmente, tem colocado os prefeitos numa ‘saia justa’ com a população ao divulgar informações em mídias [sociais] onde colocam em dúvida e em ‘xeque’ a responsabilidade dos gestores quanto aos repasses de recursos pelo Ciscomcam e também a credibilidade dos repasses de verbas por Campo Mourão ao hospital.

“Está se criando um imbróglio para tentar colocar a população à favor da Santa Casa e contra o município. Eu venho dizendo que a Santa Casa não é da diretoria. A Santa Casa é de todos nós. É nossa. Sabemos das dificuldades que ela tem e nunca viramos as costas para ela”, falou o prefeito.

Ele disse que os municípios foram surpreendidos recentemente com o anúncio do risco de fechamento da maternidade e UTI Neonatal. “Esta não é competência nossa, mas a diretoria da Santa Casa queria incumbir a nós a responsabilidade. Houve uma má gestão dos recursos que fez com que nenhum médico mais quisesse fazer atendimento ou plantão por falta de pagamento”, afirmou.

Brito citou o novo embate, na última semana, do hospital contra o município de Campo Mourão, ao afirmar que a prefeitura deixou de repassar R$ 9 milhões referentes a recursos da Covid-19. “Uma inverdade que foi provada com números. Nós precisamos combater de forma enérgica essa situação porque não podemos deixar que uma pauta de saúde vire algo político”, ressaltou.

O presidente disse que os municípios ‘nunca deram as costas’ ao hospital e querem ajudar. “Recentemente chegou ao nosso secretário da Saúde um pedido de um aporte mensal de mais de R$ 800 mil para cobrir o pagamento da maternidade de média e alta complexidade. Hora se nós estamos com dificuldade de fechar as contas para prestar atendimento nas nossas próprias Unidades Básicas de Saúde, como vamos abraçar algo que é de responsabilidade maior compartilhado do Estado e da União para fazer que a Santa Casa continue? Impossível”, alegou.

Brito ressaltou que o assunto é um tema ‘muito delicado’, e que o Ciscomcam e demais prefeitos ainda não ‘entraram em cena’ porque é preciso pacificar o município de Campo Mourão com a Santa Casa para que os demais municípios da região possam tentar entrar no diálogo para saber de que forma podem continuar contribuindo.

“E mais do que isso, a gente põe dinheiro lá e tem que cobrar responsabilidade com este recurso porque hoje a Santa Casa deve quase R$ 60 milhões”, falou, ao lembrar que a dívida não é de atualmente. “Quando a gente reúne prefeito para pedir recursos à Santa Casa é um desânimo total porque a gente sabe que ali são colocados muitos recursos e muitas vezes o atendimento deixa a desejar. E não temos mais fôlego financeiro para continuar”, acrescentou.

Desligamento

Após os embates da diretoria da Santa Casa com a prefeitura de Campo Mourão, alegando valores não recebidos – situações rebatidas pelo município apresentando documentações e planilhas – a diretora geral do hospital, Ana Maria Oliveira Braga, pediu na última quarta-feira (30), o desligamento, em caráter irrevogável, do cargo.

Entre outras razões, Ana Maria alegou como principal fator para a medida, decisões classificadas por ela como ‘autocráticas; sem conhecimento científico, técnico e legal’, por parte da presidente do hospital. Disse também discordar da forma ‘afrontosa’ que vem se dirigindo aos prefeitos da Comcam, Secretários Municipais de Saúde e funcionários do hospital.