Região segue sem previsão de chuvas até dia 30 deste mês, alerta Simepar

O mês de agosto já passa da metade sem chuvas em Campo Mourão e região. E, conforme previsão do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná, a tão aguardada chuva ainda está longe de chegar. Há previsão de precipitações somente no dia 30 e pouco volume: 17 mm. Ou seja, praticamente o mês inteiro será de seca.

O clima seco, contudo, fez as temperaturas aumentarem em toda a região após o frio intenso das últimas semanas, que deixou prejuízos significativos na agricultura. Não há previsão de novas ondas de frio para este mês. A temperatura variará entre 14ºC a 21ºC (mínima) e 28ºC a 36ºC (máxima).

Apesar da estiagem prolongada na região, conforme o meteorologista Paulo Ricardo Barbieri, hoje o dia começou com pancadas de chuvas acompanhadas de descargas elétricas entre as regiões sul, centro-sul e o leste do Estado. Porém, as chuvas deverão se manter concentradas somente nestas regiões, conforme os radares do Simepar. “Nas demais regiões, apesar da presença da nebulosidade, não há previsão de chuvas”, disse o meteorologista.

A estiagem prolongada está beneficiando a colheita do milho na região de Campo Mourão e favorecendo também o desenvolvimento da cultura trigo. No entanto, há um aumento significativo de incêndios ambientais. Pois, além da falta de chuvas, grande parte da vegetação secou com as geadas, aumentando o risco de queimadas. Na região de Campo Mourão, este tipo de ocorrência mais que triplicou nos últimos dias. Vale lembrar que a prática é caracterizada crime ambiental.

Segundo o Simepar, há mais de 60 dias não há registro de chuvas significativas na Comcam. No ano passado também houve estiagem prolongada de maio até o final de agosto, que no fim das contas, acabou tendo o volume de chuvas acima da média histórica em Campo Mourão e municípios da região. O volume previsto para o mês na cidade era 75 milímetros. Porém foram registrados no período 175 mm.

Em 2020, de maneira geral, agosto foi chuvoso em toda a região, com vários municípios superando volumes pluviométricos previstos para o período. Na cidade de Mamborê, por exemplo, foram mais de 240 mm; Peabiru (220 mm); Roncador (215 mm); Boa Esperança (170mm); Fênix (163mm); Farol (164mm); e Araruna (115mm). Vale lembrar que as precipitações foram registradas somente nos últimos dias do mês.

No ano passado, devido ao déficit hídrico, alguns municípios sofreram com a falta de água. Em Goioerê, por exemplo, para evitar o desabastecimento, a Sanepar fez o sistema de rodízio em toda a cidade. Na região de Iretama, produtores rurais já se preocupam como risco de desabastecimento, devido a redução da vazão das minas. A orientação da Sanepar é evitar o desperdício.

Emergência

Com a permanência da estiagem em todas as regiões do Paraná, o Governador Ratinho Junior estendeu no início deste mês, para todo o Estado a situação de emergência hídrica, que até então era válida apenas para a Região Metropolitana de Curitiba e o Sudoeste. O decreto é válido por 90 dias (três meses).

É o terceiro decreto adotado pelo governo estadual desde o ano passado, com o objetivo de minimizar os impactos da falta de chuvas e garantir as condições mínimas de abastecimento da população. O documento autoriza as empresas de saneamento a adotarem medidas que garantam o abastecimento público – como os rodízios de água, por exemplo – priorizando o uso dos recursos hídricos para esse fim. Com isso, o Instituto Água e Terra (IAT) poderá restringir a vazão outorgada para outras atividades, com o objetivo de normalizar as captações.

As medidas levam em conta as previsões meteorológicas e têm respaldo, também, na Resolução número 77 da Agência Nacional de Águas (ANA), que declarou situação crítica de escassez quantitativa dos recursos hídricos na Região Hidrográfica do Paraná até novembro de 2021.

O Simepar aponta para precipitações abaixo da média do restante do inverno até a primavera, agravando uma situação que já perdura há mais de dois anos. Também há uma pequena possibilidade de ressurgência do fenômeno La Niña entre os meses de novembro e janeiro. Causado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, a La Niña está associada a chuvas irregulares e abaixo da média no Sul do Brasil.

Segundo o Simepar, a anomalia nas precipitações atingem todas as regiões do Paraná, com casos extremos de estiagem em partes do Oeste, do Sudoeste e do Centro até o Norte Pioneiro. Somente no Litoral e no Noroeste a situação é moderada.