‘Respeitem meu voto’, diz Marcio Moraes, ao relatar ‘ataque’ após voto contrário a projeto que cria cargos
Após votar contra o Projeto de Lei (PL) 09/2025, que cria novos cargos e equipara o salário dos assessores parlamentares, o vereador Marcio Moraes (PSD) disse ter sido vítima de uma publicação “tendenciosa, equivocada e distorcida”, que está levando a população ao erro. O vereador foi o único, entre os 9 parlamentares que participaram da sessão, a votar contrário ao projeto que impactará em custos de R$ 1,3 milhão ao ano aos cofres públicos. Ou seja, aumentará as despesas da Câmara Municipal com gastos do dinheiro público.
“Tem uma pessoa espalhando uma notícia equivocada. Ela diz que eu havia conversado com os demais vereadores anteriormente e afirmado com convicção que votaria favorável ao projeto. Essa informação é mentirosa. Como o projeto é legal, eu apenas votei favorável para ele tramitar nas Comissões da Câmara. Nada, além disso”, esclareceu, ao classificar a publicação de um ataque pessoal a ele.
O material a que Moraes se refere trata de um “artigo de opinião” publicado no portal da TRIBUNA, assinado por uma estudante de direito identificada como Maria E. Araújo. O material não retrata a opinião do jornal. Neste caso, a autora, assim como os demais que escrevem esse tipo de material, assinou um termo de responsabilidade.
O vereador, que foi o mais votado de Campo Mourão – foi eleito com 2.352 votos – acredita que o artigo publicado, que vem sendo compartilhado em redes sociais, tenha sido produzido com o objetivo único de atacar a sua imagem e honra. “É covardia a forma como foi escrito. Isso não se faz. Respeito o posicionamento de todos que foram favoráveis ao projeto e peço que respeitem meu voto. Vivemos em uma democracia, portanto temos a liberdade de escolhas”, enfatizou, ao comentar que desconfia a mando de quem o material foi escrito.
Moraes reconheceu que o projeto aprovado em dois turnos de votação é legal e que a Câmara tem orçamento para isso, mas segundo ele, considerando o cenário econômico atual, este não seria o momento para votar um projeto que cria mais cargos e aumenta as despesas do Legislativo, quando a sociedade pede justamente o contrário. Questionado se a decisão seria imoral, ele preferiu não comentar.
“Eu só digo uma coisa: vou continuar sendo o vereador do povo. Estarei sempre do lado da população que me elegeu vereador”, avisou. Moraes ressaltou que continuará mantendo o mesmo posicionamento, referindo-se que projetos de interesse do bem comum ele “sempre será favorável”, já os que são para “satisfazer a minoria” continuará contrário. “Sei que vou sofrer muitos ataques aqui ainda por manter este posicionamento, mas quem está na vitrine sempre vai correr o risco de receber pedradas”, falou.
O parlamentar afirmou que votou consciente e de livre e espontânea vontade e que não se arrepende de seu posicionamento. “Votaria contrário novamente”, garantiu. “Votei seguindo meus preceitos. Coloquei-me no lugar da população. Sempre vou votar assim nas matérias, me colocando no lugar do povo, doa a quem doer. Quem se incomodar que engula seco”, argumentou.
Ele disse ainda que já esperava uma grande repercussão sobre o projeto, uma vez que envolve gastos públicos por parte da Câmara. Moraes, no entanto, faz uma ressalva para que a população participe mais das sessões da Câmara. “Há muito tempo as pessoas só participam quando há algum assunto que interessa a elas ou matérias polêmicas como essa”, lamentou, ao acrescentar ainda que após o resultado da votação no plenário ele recebeu várias mensagens e ligações de apoio e manifestações o parabenizando por seu posicionamento.
O PL
O Projeto de Lei foi aprovado em dois turnos por 8 votos a 1, com o único voto contrário do vereador Márcio Moraes. Os vereadores Edilson Martins, Sidnei Jardim e Tio Leco não participaram das sessões extraordinárias para votação. A proposta prevê uma despesa anual de R$ 1,3 milhão e inclui a criação da Assessoria de Gabinete da Presidência e Mesa Executiva, Assessoria da Procuradoria da Mulher e Assessoria de Mídias Sociais e Comunicação, além da equiparação salarial dos assessores parlamentares, que passam a receber R$ 8,3 mil.
Na mensagem do PL, há a justificativa da necessidade da reestruturação como um avanço para modernizar o Legislativo, corrigindo distorções salariais e otimizando a gestão dos gabinetes e da própria Câmara.