Santa Casa: Após UTI neonatal, comissão interventora quer reativação de centro cirúrgico

Em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta segunda-feira (26), o interventor da Santa Casa de Campo Mourão, Sérgio Henrique dos Santos informou que o município deverá fazer o repasse de um aporte no valor de R$ 2,4 milhões ainda nesta semana ao hospital. Ele comentou sobre a reabertura da UTI neonatal no domingo após 15 dias fechada e, que, entre as outras prioridades, está a reativação do centro cirúrgico, desativado atualmente.

Sobre o aporte anunciado, o dinheiro, emergencial, é referente a três meses de R$ 800 mil de um aporte definido na semana passada, durante reunião com prefeitos da Comcam. As prefeituras se comprometeram a repassar juntas o mesmo valor no período. Segundo Santos serão R$ 1,6 milhão mensais, pelos próximos três meses.

O interventor informou que o hospital vai receber também ajuda do Governo do Estado. Prefeitos da região participarão de uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, nesta terça-feira (27), às 17 horas, em Curitiba para discutir a situação.

Durante a coletiva, Santos fez um balanço das duas primeiras semanas de intervenção. Sobre a abertura da UTI Neonatal, por exemplo, que estava fechada desde o dia 9 deste mês, ele disse que a reabertura foi possível porque o Hospital Metropolitano de Sarandi encaminhou 10 encubadoras à Santa Casa. “Abrimos no domingo às 9 da manhã e pouco tempo depois já tinham crianças utilizando o serviço”, falou.

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Santos disse que neste período de 15 dias de intervenção administrativa do hospital já há algum diagnóstico da situação da entidade e implantação de algumas ações que surtiram efeito. “Dentro destes 15 dias pudemos identificar que o hospital sofria bastante problemas em relação ao trâmite administrativo e assistencial onde a maioria dos profissionais médicos estava sem receber há alguns meses, assim como funcionários que tinham problemas grandes como depósitos de FGTS hoje estimado em R$ 12 milhões”, informou.

Há também problemas com consignados descontados dos funcionários não repassados à instituição bancária, gerando prejuízos aos servidores, entre outras situações administrativas, como falta de insumos médicos e até alimentares. “Além disso, estruturas e equipamentos estão comprometidos”, frisou.

Sobre a UTI neonatal, ele informou que das 10 incubadoras, apenas uma estava funcionando em sua plenitude. Hoje, segundo ele, a prioridade é deixar em dia o pagamento do corpo médico e funcionários do hospital e reativar o centro cirúrgico que está fechado. Para se ter ideia, o espaço tem 9 salas modernas para cirurgias, mas sem funcionamento. “A receita do hospital está atrelada principalmente ao retorno de cirurgias eletivas. Em um passado não muito distante chegou a uma produção média e 600 a 700 cirurgias ao mês e hoje não passa de 55”, mencionou.

O interventor informou que a Santa Casa tem uma operação mensal em torno de R$ 5,5 milhões enquanto a receita é de R$ 4,1 milhões, ou seja, um déficit financeiro em torno de R$ 1,5 milhão. Além disso, ações judiciais já acordadas, mas não cumpridas pela entidade, referentes a ações trabalhistas, estão gerando multas, aumentando ainda mais o passivo.

Dívida

Além disso, a comissão interventora está levantando a dívida exata acumulada pela unidade ao longo dos anos. “Ainda está em levantamento por nossa equipe. Mas fala-se em R$ 60 milhões”, adiantou Santos.

Ainda segundo ele, a comissão interventora está implantando ações a curto e médio prazo do hospital. A curto prazo, para que sejam tomadas medidas emergenciais; médio prazo para tornar a situação equilibrada e longo prazo, para que o hospital alavanque sua produção e que possa, de fato ser referência no cenário estadual em atendimento ambulatorial.

“Espero que ao fim dessa intervenção possamos ‘colocar o bico deste avião’ para cima. Não está sendo fácil. Cada dia que passava nos cobramos que temos que colocar a casa em dia. Sabemos que há muitas famílias sofrendo. Teve mãe que ganhou filho, por exemplo, em hospital de Campo Largo (região metropolitana de Curitiba) quando a UTINeo estava fechada”, lembrou.