Se o Papai Noel não vem, motoboys vão

Com medo da pandemia, o Papai Noel não virá este ano. Mas ele deixou encarregados: Transportadoras e motoboys. Brincadeiras à parte, há um fundo de verdade. Desde o início da proliferação do vírus, o brasileiro aprendeu a comprar via internet. Ou seja, o que era um tabu, passou a ser a regra. Hoje, em Campo Mourão, o fato é verificado em algumas empresas de transportes. Segundo elas, o e-commerce cresceu 60%, em relação ao último ano. Uma prova de que, o consumidor passou a acreditar nas vendas a distância. 

Até 2019, grande parte dos brasileiros só comprava o que via. Ou seja, era o ditado ver para crer. Então, lojas físicas reinavam, embora já existisse a tendência que a venda eletrônica cresceria. A pandemia só acelerou o processo. Com receio do corona, os mourãoenses seguiram no mesmo caminho. E, hoje, o que se vê pelas ruas, são motoboys carregados com caixas nas garupas.  

Nilton Araújo é um desses motoqueiros. Aos 40 anos, começou entregando mercadorias do Mercado Livre. Mais recentemente, passou ser terceirizado a uma transportadora da cidade. E ele não para. “Sou registrado em uma empresa à noite. De dia, faço o bico como motoboy. Tudo o que entrego é resultado da Internet”, disse. Ontem, foram 49 entregas. Com o movimento desenfreado, quem comemora é o seu bolso. “Estou ganhando mais que no meu emprego registrado”, garantiu. 

Proprietária da Transportadora Tamoyo, Leide Tavinazzo, diz que, desde julho, as vendas pela internet vem registrando alta. A conclusão é que, em relação ao último ano, as compras aumentaram em mais de 50%. “Entregamos tudo o que pode imaginar. Desde roupas até eletrodomésticos”, explica. Segundo ela, a movimentação de mercadorias pode aumentar ainda mais até a época do Natal. 

Mesmo após findar o ciclo pandêmico, Leide acredita que o e-commerce não deve parar. “Muita gente não voltará mais a comprar como antes. Se acostumaram com a facilidade da Internet. É uma tendência sem volta”, acredita. A Tamoyo existe há 50 anos. Leide administra a empresa há 12. E, para ela, não existe como comparar os ciclos de venda de antes, com o de hoje. “Mudou muito. Se antes entregávamos mercadorias apenas para empresas, hoje, virou para particulares”, disse. 

Fernando de Almeida é diretor da Transportadora Desempenho. Ele também notou que o comércio eletrônico não para de crescer. “Não tenho dúvidas que a movimentação é 60% maior que em 2019”, diz. De acordo com ele, o que era uma tendência, se confirmou na pandemia: as pessoas estão preferindo não sair às compras. 

Como resultado, a empresa teve que contratar uma equipe de motoboys para cumprir as entregas. “Temos sete colaboradores com moto para agilizar o serviço”, informou. É que o trabalho não pode parar. Muitas empresas vendem os produtos prometendo chegar em casa de três a quatro dias. Então, é correria. “Se o Papai Noel não vem, os nossos motoboys vão”,  brinca. A Desempenho está em Campo Mourão há 14 anos. 

As vendas pela Internet estão tão aquecidas que, Elizângela Ruiz Faria, 41, se transformou numa espécie de “movimentadora digital”. E ela garante: na pandemia, as vendas cresceram muito. Elizângela oportunizou o momento e passou a oferecer mercadorias diversas pelas redes sociais. Nunca vendeu tanto. “As vezes saio de casa com o carro lotado. Vou de casa em casa entregando. E não cobro pelo transporte”, diz.

Ela conta que vende cosméticos, roupas, lingerie, calçados e o que mais desejarem. Até utensílios de sex shop já disponibilizou. “Desta vez não será o Papai Noel que irá. Mas a Mamãe Noel”, brincou. Elizângela é vendedora há 20 anos. Mas nunca viu as vendas tão aceleradas. Em tempo: às crianças que, porventura, leram esta matéria, o Papai Noel virá sim. Era só uma brincadeira.