Secretário Ortigara fala sobre quebra de safra e prevê recuperação com plantio de verão

Durante agenda em Campo Mourão nesta quinta-feira (26), o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, comentou as perdas bilionárias com a safra 2020/21 (especialmente o milho), causadas pela estiagem, pragas e geadas. Uma das culturas mais atingidas foi a do milho, com perdas que chegam até 70%. Em números gerais, a quebra foi de 60%, segundo Ortigara.

“Perdemos 8,7 milhões de toneladas de milho e já estamos anunciando uma redução de 7% no trigo. Já havíamos perdido quase metade do feijão de segunda safra. Temos um conjunto de perdas que deve superar R$ 15 bilhões”, lamentou. Contudo, o secretário prevê a recuperação dos prejuízos com o crescimento da safra de verão que já começou a ser semeada.

“A visão é de crescimento. Já começamos a semear milho. Nos próximos dias começamos também o plantio da soja. A tentativa é de renovar a vida. Faz parte do ciclo. Vamos crescer em área de soja, vai para quase 29% do nosso território físico, mais de 5 milhões de hectares. Nunca vi esta área tão grande assim. Hoje milho bem cultivado dá mais renda que a soja”, comentou.

Na região de Campo Mourão, com os dias secos dos últimos dias, os produtores avançaram na colheita do milho 2ª safra. Estima-se 88% de área colhida na região. A estimativa inicial de produção era de 2,4 milhões de toneladas. Porém, foi revisada para 1.195.227 de toneladas, ou seja, quebra de cerca de 48%. No entanto, alguns produtores contabilizam prejuízos maiores, que passam de 70%.

O produtor rural de Campo Mourão, Armando Sambati, é um dos que tiveram grandes prejuízos. No seu caso, a cultura do milho foi severamente atingida pelas geadas. Áreas em que colheria entre 250 a 300 sacas por alqueire, a produção foi reduzida a 140 a 150 sacas no máximo, uma queda de 50%.

“Já em outras áreas, onde houve o plantio mais tardio onde o grão estava menos cheio, a perda é maior ainda. Tenho área que acredito que irá produzir 50 sacas por alqueire”, lamenta. Ele disse que as perdas, além de afetar a programação financeira dos produtores, atinge também o consumidor final, já que a escassez de milho no mercado acaba refletindo no aumento dos preços de carnes, entre outros produtos derivados do milho.

“A gente sempre planta pensando em colher safra cheia. Mas infelizmente estamos sujeitos às intempéries climáticas. As áreas que estragaram menos o seguro não vai dar cobertura, as que infelizmente foram mais atingidas iremos ter ajuda do seguro”, acrescentou.

Safra de verão

O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, divulgou nessa quinta-feira a primeira projeção para a safra de verão 2021/22. Aponta um crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. A previsão é que sejam produzidas 25.509.900 toneladas em 6,2 milhões de hectares contra 23.301.770 em 6,1 milhões de hectares na safra 2020/21.

Entre os principais grãos produzidos no Estado na safra de verão, também chamada de primeira safra, a soja deve render 20.954.700 toneladas. Esse volume representa aumento de 6% em relação à primeira safra do ciclo 2020/21, quando foram colhidas 19.768.900 toneladas. A área reservada pelos produtores para o plantio é de 5.616.770 hectares, acréscimo de 1% em relação ao período anterior.

Já o milho, ainda que as estimativas de perdas da segunda safra, que é a mais importante em termos de rendimento no Estado, tenham sido elevadas de 8,5 milhões de toneladas para 8,7 milhões, em decorrência do clima e de pragas, os produtores não desanimaram. A cultura é a que tem maior previsão de aumento para a primeira safra 2021/22.

Pela estimativa do Deral, devem ser produzidas 4.116.200 toneladas, volume 32% superior às 3.115.200 toneladas do mesmo período no ciclo anterior. Em termos de área, os produtores ampliaram de 372,5 mil hectares para 422 mil hectares (+13%).

As chuvas dos últimos dias e as previstas até este sábado (28), devem fazer o plantio ganhar ritmo forte nos próximos dias. Além disso, os preços estão muito bons, com valores em torno de R$ 90 a saca, e animam os produtores.