Setembro chega ao fim com chuvas 98,21% abaixo da média em CM; crise hídrica só piora
O mês de setembro vai chegando ao fim com as chuvas 98,21% abaixo da média, em Campo Mourão. De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), o esperado para o mês era 145 milímetros. Porém até o momento foram registrados apenas 2,6 mm.
Nos últimos cinco anos, este é o setembro mais seco. O mais chuvoso foi em 2018, quando as precipitações atingiram 175 milímetros. A falta de chuvas volumosas se arrasta desde o mês de julho, o que só piora a crise hídrica na região, que abrange também todo o Paraná.
“O tempo seco deve continuar. Há previsão de chuva, mas isoladas para o fim de semana em Campo Mourão e região ao entorno, mas nada que resolva o déficit hídrico”, comentou o meteorologista do Simepar, Paulo Ricardo Bardou Barbieri. Ele informou que a falta de chuvas vem atingindo o Estado desde 2019.
Barbieri destacou que a primavera iniciou no último dia 22 com dois terços do território do Paraná em estiagem. Segundo ele, a situação com relação à crise hídrica deve se manter, com projeção de chuvas abaixo da média na estação. A seca, conforme o meteorologista, tem influência direta do fenômeno natural La Niña, que ocorre no Oceano Pacífico, resfriando as suas águas e alterando a distribuição de calor e umidade em várias partes do globo.
Ele alertou ainda sobre o risco de temporais com a frente fria que atingirá a região no fim de semana. Há risco de tempestades localizadas de granizo, vendavais, e descargas atmosféricas. “Quando a massa de ar frio se choca com o ar quente a tendência é a formação de temporais. Por isso a população deve ficar em alerta”, disse.
A falta de chuva vem gerando transtornos a moradores de cidades da região, que estão sendo prejudicados com o abastecimento de água devido a diminuição da vazão de poços artesianos e rios. Altamira do Paraná, Iretama e Goioerê já vivem a situação. Em Altamira, aliás, o abastecimento que começou a ser afetado na sexta-feira da semana passada deve ser normalizado somente nesta quinta-feira (30).
A Sanepar alerta que a cooperação da população, fazendo o uso racional da água, continua fundamental neste momento. A orientação é que as limpezas mais pesadas, como lavagem de carros, calçadas e fachadas, devem ser adiadas até que a situação se normalize.
A falta de chuva está prejudicando também os trabalhos de plantio da soja e milho em Campo Mourão que estão há mais de duas semanas paralisados. Além disso, nos últimos dias, foram registrados vários incêndios a lavouras, deixando prejuízos a produtores rurais.
Segundo o Simepar, o Paraná vive a pior estiagem das últimas décadas. No interior do Estado seis municípios estão com o abastecimento em dias alternados e 19 cidades em situação crítica. A previsão para o mês de outubro é de chuvas dentro da média ou um pouco acima, mas em novembro diminuem e a situação voltará a ser crítica. No início de agosto, o governo estadual publicou o terceiro decreto de emergência hídrica no Paraná, em sequência, reconhecendo a gravidade da estiagem e priorizando o uso da água para abastecimento humano e dessedentação animal.
Previsão
De acordo com o Simepar, a chuva deve chegar a Campo Mourão somente no sábado (2 de outubro). A precipitação acumulada prevista para este dia é 17 milímetros. No domingo há previsão de mais 13,3 mm. De segunda a terça-feira da próxima semana o sol deve voltar a predominar com as chuvas voltando de quarta a sexta-feira. O acumulado para estes três dias é de mais 37 milímetros. A temperatura tende a cair, com a máxima não passando dos 22ºC graus e mínima chegando a 16ºC.