Setembro foi o mês mais seco dos últimos 10 anos em Campo Mourão 

4,3 milímetros. Este foi o volume de chuvas registrado no mês de setembro deste ano em Campo Mourão, segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar). As previsões se confirmaram e o mês se configurou como o mais seco dos últimos 10 anos. Até então o setembro mais seco da havia ocorrido em 2009, quando choveu apenas 1 milímetro. 

De acordo com o meteorologista do Simepar, Lisandro Jacobsen, a média histórica de chuva para o mês é entre 90 a 100 milímetros. No ano passado, o volume registrado foi 53 mm; 2018 (175 mm); 2017 (41); e 2016 (49).  “Esta estiagem ainda não tem nada a ver com o fenômeno La Niña. Existe uma grande tendência de vir a se confirmar, porém precisa de quatro a cinco meses de anomalia para configurar”, falou.

Jacobsen explicou que as águas da superfície do Oceano Pacífico começaram somente agora a sofrer alteração (redução térmica). Se a curva continuar, o pico do fenômeno deve ocorrer entre o fim da primavera e início do verão, ou seja, em dezembro. Segundo o meteorologista, massas de ar seco estão impedindo a entrada de frentes frias na região e no Paraná, ocasionando a estiagem que se arrasta há 42 dias. 

De fevereiro ao início de junho as chuvas foram bastante irregulares em Campo Mourão e região. As precipitações mais significativas ocorreram entre julho e agosto. A última chuva significativa registrada em Campo Mourão ocorreu no dia 20 de agosto. E conforme Jacobsen, os prognósticos não são nada animadores para os próximos dias. “Temos alguma coisa apenas para o dia 10, mas como ainda está muito longe não tem nem como prever volume”, frisou. 

O meteorologista lembrou que esta época do ano é propícia a ocorrência de temporais, como vendavais, queda de granizo, e tempestades de raios. “Primavera é época de temporais. Os dias são muito quentes e qualquer entrada de umidade e ar mais frio se formam as nuvens e consequentemente os temporais”, afirmou. 

As temperaturas altas continuam em toda a região. Às 15 horas desta quinta-feira (1), os termômetros marcavam 38ºC graus, mas com sensação térmica de 40. Para o fim de semana, a previsão é que as temperaturas caiam um pouco, mas o clima continua bastante abafado. “O temor maior é que se configure o La Niña. Aí a situação vai piorar ainda mais”, alerta o meteorologista.

Transtornos

A estiagem prolongada está afetando diretamente o avanço do plantio da soja (safra 2020/21) na região da Comcam. Com as chuvas do fim de semana, que em algumas localidades atingiram até 7 milímetros, alguns produtores se arriscaram semeando o grão. Porém grande parte ainda aguarda mais chuva para umidade do solo. 

Além disso, algumas cidades da região vêm sofrendo com a escassez de água. É o caso de Goioerê, que é abastecida por poços artesianos. A estiagem prolongada baixou a vazão dos poços, obrigando a Sanepar a fazer rodízio de água na cidade. Os rios da região também vêm sofrendo a redução drástica de vazão. A orientação aos consumidores é que economizem água e evitem desperdícios.