Setembro vai se configurando como um dos piores meses em volume de chuvas

A nove dias do encerramento, setembro deste ano vem se configurando como um dos piores meses em volume de precipitações, até o momento, segundo informa em seu boletim diário o Departamento Rural de Economia (Deral), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura (Seab). O déficit hídrico está principalmente atrasando o plantio da soja que já era para ter iniciado no último dia 10. 

O produtor rural de Campo Mourão, Vicente Mignoso, reservou 260 alqueires para a soja. Ele disse que está apreensivo com o clima. Hoje completa um mês sem chuva. “Estamos esperando a chuva para iniciar o plantio. A nossa preocupação é que nem mesmo tem previsão de chuva”, comentou. 

Ele lembrou que setembro de 2019 também foi complicado devido à escassez de água. “No ano passado iniciamos o plantio dia 30 de setembro e a situação hídrica ainda não havia normalizado”, lembrou. Pelas perspectivas do produtor, este ano o plantio em sua propriedade só deverá iniciar depois de setembro. “Só vamos plantar se a chuva chegar”, falou, ao ressaltar que a terra está bastante seca. 

De acordo com registros do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), a média de chuvas para o mês de setembro é 145 milímetros. No entanto, este ano não choveu nenhum milímetro no mês até o momento.  De acordo como Deral, este ano a primavera, que inicia nesta terça-feira (22), terá influência do fenômeno La Niña, que ocasionará chuvas irregulares e abaixo da média até dezembro. “O fenômeno influenciará diretamente a safra 2020/21”, diz o boletim divulgado pelo órgão.

O La Niña é um fenômeno climático que se caracteriza pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, o que impacta as condições de tempo do continente. “Em consequência, as previsões são de que o Paraná terá chuvas irregulares entre abaixo e próximo da média até dezembro, o que pode trazer dificuldades para o produtor rural”, alerta o Deral. 

Na região, também em função da falta de umidade adequada, áreas significativas ainda terão que efetuar o manejo do solo. Há inclusive, relato de produtores que terão que fazer nova dessecação, para eliminação da buva, pois com a falta de umidade adequada se tornou resistente. “Ainda assim, considerando o plantio mais tardio e os diversos períodos com falta de chuva satisfatória, o produtor pode celebrar a safra, em resultado de produção, como principalmente os preços, que acabam compensando a perda na produtividade”, prevê o Deral. 

Para se ter ideia, em relação ao mesmo período do ano passado, a saca de 60 quilos da soja teve uma valorização de 40% na região de Campo Mourão. Atualmente está cotada em média R$ 125,00 ao produtor para venda, segundo o Deral. Em 2019, no mesmo período, o valor era R$ 75,00.  O principal fator a alta do preço é a valorização do dólar, que está acima de R$ 5,00. A orientação ao produtor é que fique atento ao mercado para vender a produção no melhor momento.

“Os produtores aguardam ansiosos chuvas com maior volume para as condições ideais para iniciarem o plantio das culturas de verão. De acordo com os técnicos das cooperativas, caso a umidade seja suficiente, há previsão de plantios nos próximos dias”, comentam os técnicos do Deral, Paulo Sérgio Franzini e Adriano Nunomura.

De acordo com o Deral, a produção estimada de soja na Comcam para a safra 2020/2021 é de 2,6 milhões de toneladas contra 2,4 milhões no ano passado. A área dedicada para a cultura em 2020 é de 690 mil hectares, contra 683,5 mil em 2019, um aumento de 1%. Segundo o Deral, aproximadamente 895 mil toneladas, o equivalente a 36,0% da produção regional, já foi comercializada antecipadamente pelos produtores, antes mesmo da safra plantada. 

No Paraná, a produção de soja deve alcançar 20,37 milhões de toneladas na safra  2020/21, queda de 1% ante a temporada anterior. O Deral estima que a área de plantio reservada para a oleaginosa no Estado seja de 5,53 milhões de hectares. 

Devido aos bons preços de mercado, a comercialização da nova safra segue em ritmo bastante adiantado se comparado a média normal para o período. O Paraná já negociou mais de 47% das 20,37 milhões de toneladas estimadas para o ano. 

Colheita do trigo

O tempo seco por outro lado está contribuindo para a colheita do trigo. O trabalhos de retirada do grão do campo avançou nos últimos dias beneficiados pelas condições climáticas.  Estima-se que em torno de 70% das áreas foram colhidas na Comcam. As produções colhidas nestas últimas áreas estão apresentando rendimentos menores do que as colhidas na fase inicial, pois são as que mais sofreram com a estiagem.