Soluções são apontadas. Mas não serviram pra nada

“A solução está na vacina. Enquanto estamos aqui, discutindo o que fazer, os deputados estão discutindo as suas imunidades. A parlamentar. Eles deveriam fiscalizar porque a vacina não chega”, disse Bruno Elizeu Versari, Bispo de Campo Mourão. O desabafo aconteceu na manhã de hoje, durante reunião para enfrentamento ao caos da Covid. O encontro visou buscar soluções. E o Bispo, deu a sua. 

Organizada pela prefeitura, a reunião contou com cerca de 40 pessoas. Representantes de diversos setores da sociedade falaram. Um deles, foi Adelso Gonçalves dos Santos. Coordenador da Unidade de Regulação de Leitos da Região Noroeste, apontou com todas as letras, o colapso da saúde nas redes estadual e municipal. “Acabou as pernas. O colapso chegou. Já existem pessoas entubadas dentro de ambulâncias. E elas não têm para onde serem levadas”, revelou. De acordo com ele, hoje, são 86 pessoas na fila de espera para serem internadas em toda a região.

Adelso carregava quatro celulares. E eles não paravam de tocar. Eram hospitais tentando buscar novos leitos para internações. Mas não havia o que fazer. Para ele, o que vivemos hoje, é tão somente um reflexo do que a sociedade fez: aglomerações de carnaval, festas. Dados indicam que novos infectados estão chegando para internações com menor idade. “Já vemos jovens de até 24 anos necessitando leitos”, disse. Segundo ele, caso a situação não mude, médicos serão obrigados a escolher quem será atendido. E isso, já nos próximos dias. Senão, já amanhã. 

O prefeito Tauillo Tezelli ficou pouco na reunião. Ele tinha outras reuniões, com prefeitos e o governador. Mas pediu que as soluções apontadas prevalecessem sobre a vida. “Ninguém é culpado pela pandemia. Temos que olhar para a frente e cuidar da vida. Da saúde das pessoas”, disse. Ele também revelou que, hoje, o problema não é abrir novos leitos. Mas encontrar profissionais para atuarem frente ao Covid. “Tem muitos profissionais da saúde que se escondem em seus consultórios para não enfrentar a doença”, afirmou.  

Os índices de Campo Mourão revelam que, enquanto em 2020, o número de média mortes era de sete ao mês, nos dois primeiros meses de 2021, dobrou para 14. Ou seja, uma morte a cada dois dias. O congestionamento da saúde acaba acarretando problemas na Santa Casa. Lá, o hospital já começa a verificar demora na chegada de insumos. “Estamos na lista de espera de algumas empresas para comprar produtos”, explicou Lucinéia Scheffer.

Benhur berbet falou da importância em não fechar o comércio. Para isso, indicou maior fiscalização. “Os empresários investiram e estão muito conscientes do que devem fazer”, disse. João Pedro Garcia, do setor de bares e restaurantes, também destacou a necessidade do não fechamento do comércio noturno. Ele apontou a colaboração do setor na redução do horário, assim como na “fiscalização” dos clientes. Mesmo apontando soluções, de nada adiantou a reunião. Logo após o encontro, um decreto do governo do Paraná, já indicava um novo lockdown, agora, de oito dias.