Uma porta foi aberta à Amarildo

Quantas oportunidades a vida oferece? E, o que você faz, quando todas as portas se fecham? Mas, ainda, alguém decide abrir uma delas? Na manhã de hoje, uma saída foi mostrada a Amarildo. O homem sem direção, que protagonizou uma das páginas da TRIBUNA esta semana. Sensibilizados com a história, membros da Fraternidade O Caminho, o visitaram na casa onde passa as noites. Conhecendo a sua realidade, o convidaram para ficar abrigado num lar, em Corbélia, na tentativa de deixar o crack. 

Frei Tarcísio, um dos coordenadores da Fraternidade, dialogou com Amarildo. E o convidou para deixar as drogas. Mostrou que, o caminho a seguir, é buscar ajuda. Sozinho, não se vence a batalha. “O primeiro passo é ele aceitar ser ajudado”, disse. Sob o teto da casa de madeira surrada, herança dos pais, Amarildo o escutou. Mas, ainda, não se sabe se ouviu. Agora, para iniciar o tratamento, dependerá exclusivamente dele.   

Sozinho no mundo, sem família, Amarildo pode também perder o único bem terreno em vida: a casa herdada dos pais. Com impostos atrasados, o imóvel já está na justiça. Não bastasse o drama, vem travando uma luta descomunal frente ao crack. As portas se fecharam. Mas ainda, existem esperanças. No caso, dele mesmo.   

A casa está localizada no Jardim Modelo, em Campo Mourão. Está completamente às traças. Jogada ao tempo. Não fosse o teto destruído, Amarildo já seria um morador de rua. Mais um invisível pelas esquinas. São dois quartos. Roupas jogadas por todos os cantos. Móveis despedaçados. Lixo por toda a parte. Não há higiene. Não há organização. Não há luz. Tão pouco, água. Há sim, um homem sem amor próprio. Viciado pelo crack.  

Na verdade, o local não possui condições de abrigar um ser humano. Até fezes, existem na varanda. Praticamente abandonado, o imóvel nem sequer é visualizado da rua. Um matagal cresceu no quintal, se assemelhando a um terreno baldio. “Eu não gosto de dormir aqui. Tenho medo que a casa desmorone sobre mim”, disse Amarildo. De noite, ele não precisa sair para ver as estrelas. Elas podem ser vistas da própria cama. Através dos enormes buracos do teto. 

Ele passa manhãs e tardes na rua. Pede comida e água. Mas retorna à noite, para dormir no imóvel. E, quase sempre, a casa é visitada por larápios. Lá, não existe o que levar. Mas a invadem para consumir droga. Amarildo vive literalmente na escuridão. Além do caminho pelo qual optou, vive a base de velas. A casa não possui energia elétrica.

Matagal em frente a casa identifica a situação de Amarildo