Entenda como a crise política interfere nos investimentos
Semana passada o mercado financeiro foi abalado novamente, mas dessa vez não teve relação com a pandemia, e sim por instabilidade no Governo criada pela saída de Sérgio Moro da pasta da Justiça.
Neste artigo entenda como a crise política interfere nos investimentos, causando grandes movimentos nos principais indicadores do mercado financeiro, seja para cima ou para baixo.
A saída de Moro do Ministério da Justiça acentuou ainda mais a crise política no Governo, interferindo negativamente no mercado financeiro.
O Ibovespa registrou queda de 9,5%, chegando aos 72.040 pontos, e o dólar bateu os R$5,70 no dia 24 de abril.
Este artigo não tem o objetivo de analisar se as atitudes e decisões tanto do Presidente tanto do agora ex-ministro estão corretas ou não, apenas irá mostrar como essas situações na política interferem nos investimentos.
De maneira geral, quando ocorre algo considerado negativo no Governo, aumenta a instabilidade no mercado financeiro, causada pelas incertezas dos investidores no rumo que o Governo poderá tomar.
O mercado não caiu somente pela saída de Moro, mas também pela declaração do ex-ministro sobre uma interferência do presidente Bolsonaro na polícia federal, consideradas muito graves, agravando a crise política.
Essas dúvidas sobre o futuro do Governo aumentam o risco país, que pode levar alguns investidores estrangeiros a considerar o Brasil como um mercado muito arriscado, e acabam sacando seus investimentos.
Numa crise política o Governo pode perder apoio político, perdendo força para votar e aprovar reformas importantes para dar continuidade no crescimento do Brasil, além de aumentar os pedidos de impeachment por políticos de oposição.
Todos esses cenários de incertezas sobre o futuro do Governo, fazem que alguns investidores achem muito arriscado deixar seu dinheiro investido em mercados mais voláteis como a Bolsa de Valores.
Como os investidores querem vender rápido suas ações para não correr o risco de perder mais dinheiro no futuro, os papéis começam a ser negociados a valores mais baixos do que estão valendo.
Esse movimento de vender as ações a preços cada vez menores derruba o valor do Ibovespa, já que é formado pelo preço das ações mais negociadas na B3.
E na contramão o dólar dispara, batendo novos recorde em seu valor perante o real, valendo no final da sexta-feira passada (24) R$5,65.
Essa alta é causada pelo aumento do risco país, pois o real perde valor com uma maior probabilidade de o Governo não honrar com seus compromissos, causada pelas incertezas criadas pela crise política.
Essa desvalorização do real acontece porque os investidores estrangeiros no Brasil sacam seus investimentos, jogando mais real no mercado, como há menos dólar circulando no país seu valor sobe.
Normalmente esses movimentos no mercado financeiro causado pelas crises políticas tem interferência no curto e médio prazo, caso não surja nenhuma novidade o mercado tende a se normalizar.
Então siga com seus planos, leia as análises de especialistas sobre o futuro dos investimentos no Brasil, e se for necessário faça uma revisão nos seus investimentos e um rebalanceamento na sua carteira de investimento.
André Lucas Ciola, economista e desenvolvedor do Blog Me Conte