Novo corte na Selic diminui o retorno dos investimentos

Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) foi votado por unanimidade um corte na taxa Selic de 0,75 ponto percentual, reduzindo a taxa para 3% a.a.

Neste artigo entenda como o novo corte na Selic diminui o retorno dos seus investimentos da Renda Fixa.

Como a taxa Selic serve como parâmetro para outras taxas de juros no Brasil, o Banco Central usa a Selic para controlar a inflação.

Reajustando a taxa Selic para cima faz com que o crédito encareça, diminuindo o consumo e estimulando a poupança, como há menos consumo a inflação tende a cair.

Abaixando a taxa Selic o Governo aumenta a oferta de crédito pois os juros ficam mais baratos, aumentando o consumo, mas poderá também aumentar a inflação.

Por causa dessa pandemia houve uma grande queda no consumo, causando até uma deflação de 0,31% no mês de abril.

No relatório Focus divulgado nessa segunda-feira (11) a previsão para a inflação no final de 2020 está em 1,76%, bem abaixo da meta de 4%, ficando abaixo também da faixa de tolerância mínima da inflação que é de 2,5%.

Como a taxa de inflação está muito baixa, na última reunião do Copom que aconteceu no dia 06 de abril a taxa Selic sofreu um novo corte ficando em 3% a.a., influenciando negativamente no retorno dos investimentos atrelados a ela.

A Caderneta de Poupança passou a render apenas 2,1% a.a., pois pela nova regra ela rende 70% da Selic quando ela estiver abaixo de 8,5% a.a.

O Tesouro Selic passou a render 2,90%, pois ele rende a Taxa Selic Over que é medida diariamente.

Um CDB com liquidez diária que renda 100% da Selic passou a render 3%a.a. Você consegue achar CDB’s que rendam até 120% da Selic, mas sem liquidez diária, ou seja, você terá um prazo para resgatar o dinheiro, nesse caso ele renderia 3,6%a.a.

Uma boa LCI ou LCA rende no mínimo 95% da taxa Selic, neste caso elas passam a render 2,85%.

Se formos considerar o retorno líquido dessas aplicações, ou seja, descontando a inflação e o imposto de renda (IR) esse retorno cai mais ainda.

A Caderneta de Poupança passaria a render 2,06%, as LCI’s e LCA’s citadas acima passariam a render de 2,79%, lembrando que nesses investimentos não há cobrança de IR.

O Tesouro Selic passaria a render 2,20%a.a., descontando IR de 22,5% e a taxa de custódia do Tesouro de 0,25%.

 O CDB com liquidez diária passaria a render 2,28% (considerando IR de 22,5%), no CDB que renda 120% da Selic o retorno líquido seria de 2,91%( considerando o resgate após um ano da aplicação e IR de 17,5%).

Apesar do baixo retorno dessas aplicações elas continuam sendo indicadas para objetivos de curto a médio prazo e para sua Reserva de Emergência, já que nesses casos você tem que priorizar liquidez e segurança e não o rendimento. 

Lembrando que na hora de investir você deve respeitar seu perfil de investidor, e caso você não tenha muita aversão ao risco é melhor continuar na Renda Fixa, buscando investir em produtos que podem te trazer um melhor retorno no longo prazo.

Como por exemplo, produtos com rentabilidade pré-fixada, que rendam o IPCA mais uma taxa fixa e Fundos de Investimentos de Crédito Privado.

Então continue seguindo seu planejamento financeiro, apenas fazendo alguns ajustes na sua carteira para conseguir realizar seus objetivos de curto e médio prazo, pois o que importa é o retorno líquido das suas aplicações.

André Lucas Ciola, economista e desenvolvedor do Blog Me Conte