A estupidez contraria a lógica

“Nenhuma pessoa isolada, por maior que seja sua estatura, poderosa sua vontade, penetrante a sua inteligência, consegue transgredir as leis

autônomas da rede humana da qual provém seus atos e para o qual  eles são dirigidos”

Norbert Elias – sociólogo

Ele tinha 23 anos, era estudante de Engenharia Elétrica da UNESP – Universidade Estadual Paulista, em Bauru. Humberto Moura Fonseca morreu no sábado retrasado após ingerir vodca em uma competição para verificar quem mais conseguiria consumir bebida alcóolica.

O caso está sendo investigado. Infelizmente é mais um fato que resultou em morte tendo como cenário uma universidade e circunstâncias festivas, trotes, muitas bebidas e algazarras. Evidentemente que a consternação plenamente se justifica, uma morte estúpida que bem poderia ser evitada. Evitada se todas as condições de segurança fossem colocadas à disposição, como ambulância devidamente equipada etc., e, ainda para exemplificar, alvará para autorizar ou impedir reuniões como aquela sequer fossem realizadas.

Horas antes de morrer, as imagens permitem ver o jovem a beber festivamente, alegria que, somada com os conhecidíssimos efeitos da alta dosagem alcóolica, não lhe deram chance e tempo hábil de perceber os limites dele próprio.

Ele poderia estar vivo hoje e até já teria participado de outros eventos, caso todas as condições para as festas de fato existissem. Porém, uma certeza hipotética que não sem sustenta por si mesma. Se todo o socorro fosse prestado, ele poderia chegar sem vida ao hospital, sobretudo pela elevada quantidade de bebida ingerida durante a competição insana, sem limites. Sendo universitário, tinha conhecimento, sabia minimamente dos riscos que se propôs a correr.

Se festas como aquela ocorrerão com todas as precauções, pouco adiantará, se a consciência dos limites humanos não for adequadamente observada, de beber, dirigir, de movimentar o corpo e também o cérebro.

Fase de Fazer Frases

Quem acoberta, encoberta? Ou quem encoberta, acoberta?

Olhos Vistos do Cotidiano

Elegantemente trajado, terno, gravata, sapatos bem lustrados. Movimentava-se com classe, esguio, expressão facial compenetrada, altiva, apesar do suor a correr-lhe a face.

O jovem vinha por uma das nossas ruas no sentido bairro-centro. A cena inusitada, ele estrava pedalando a bicicleta, “magrela” como ele. Era um dia e horário incomuns para supor que o rapaz estivesse indo para um evento religioso. Não estaria indo para uma festa, formatura. Seria vendedor?

Começa a garoar e fiquei curioso (a lamentar também) se o ciclista chegaria a tempo de não ficar muito molhado. Pensei em oferecer “carona”, mas demorei em tomar iniciativa e ele passou rapidamente.

Fiquei intrigado com a situação que compartilho com o caro leitor, você poderá dizer que eu não devo ter mais o que fazer. Eu? Quem não tem o que fazer é o jovem de terno, gravata, paletó, a andar de bicicleta. Se ele estivesse “normalmente” vestido como jovem, eu não estaria aqui escrevendo sobre ele.

Reminiscências em Preto e Branco

Preocupado com o futuro, o passado aparece.