A história dos jovens está pronta: para ser feita

A infância é a idade das interrogações, a juventude

a das afirmações, a velhice a das negações.

Pablo Mantegazza

             Cada um fez a apresentação, nome, idade, se é do Colégio ou oriundo de outra escola, se trabalha, município e bairro onde mora, entre outras informações. Eles relatam sonhos, planos de vida. O contato inicial entre os estudantes  e com o professor objetiva a interação entre todos.       

            Uma das características dos jovens é a espontaneidade, eles ficam à vontade, até sem limites, desde quando já se consideram integrados na turma ou grupo social. Porém, até que se conheçam, no caso do primeiro dia de aula, o primeiro contato com o professor é a inibição, receio de se apresentar, de se expor, de causar enfim uma impressão negativa. Não são poucos os que relutam, pedem para não se apresentar, alegam que não tem nada a dizer. É preciso estimular, encorajá-los e insistir, quando enfatizo a importância da apresentação, início dos contatos, de pessoa com pessoa; de pessoa com a turma; do professor com a turma e dele com cada estudante. 

            Se não chega a ser vergonha, é significativo o número de jovens que evita mencionar a cidade onde mora (um dos motivos é porque ela é (ou bem) menor em relação a Campo Mourão, e quando é daqui, se possível evitam informar o bairro quando trata-se de periférico, de pessoas,  locais e de moradias simples.

            Quando eu percebia que eles falavam em um tom de voz muito baixo e ao apressarem a apresentação para logo não mais ser alvo de atenção, eu, como professor, indagava sobre o que eles não tinham feito menção. Enfatizei ser fundamental que todos prestassem atenção em cada um durante tal atividade. 

            Timidez, receio, inibição, orgulho, autocensura, entre outros aspectos, é comum o ser humano quando pela primeira vez inicia um contato ter embaraço. Sendo indispensável a integração do indivíduo com o grupo, agir para promover e facilitar a convivência social. 

            Conceito sintético sociológico, a socialização é quando o ser humano começa a responder/corresponder como partícipe de um determinado grupo. A Socialização  é inerente a valores, regras e papéis sociais. Aliás, a socialização é permanente, dinâmica coletiva.  Em vasto sentido a Escola como Instituição Social é caracterizada como socialização: do conhecimento, da prática pedagógica, da troca de experiência, do saber individual e coletivo. 

            Ao incentivá-los, após a apresentação de todos, discorri que superassem o receio de falarem de suas vidas. Não envergonharem-se do que são e querem se tornar. A vida deles apenas está em início,  não devem escondê-la, ainda que possuíam fatos negativos, têm uma vida inteira pela frente. São e serão capazes de serem sujeitos ativos da história. 

            Horizontes imaginados, sonhados, vislumbrados para dias vindouros. Serão palpáveis horizontes a partir dos dias de hoje. O agora, trajetória de vida feita de desafios, fracassos, conquistas. Podemos criar, valer-se das oportunidades para crescermos como seres humanos. São muitos os exemplos de filhos com elevado grau de escolaridade e  cultura que tiveram grandes incentivadores e esteio: os pais iletrados, sem eles não teriam base e impulso às conquistas.                Fases de Fazer Frases

            Pressa maior é de quem nunca teve ou desprezou calma possível.

Olhos, Vistos do Cotidiano

            Meu carro na oficina, precisei de táxi (ponto nº 4, perto do Hospital Pronto Socorro). Saúdo o motorista. A corrida é retorno ao passado. O taxista Waldemar Cintra rememora meu saudoso pai Eloy, citando fatos, elogios. Eu, não por gentileza e sim por serem famílias amigas, também revivo o saudoso Waldomiro Cintra, oleiro que fabricava tijolos. O irmão do taxista trabalhou muitos anos no escritório de contabilidade do meu pai, o Oswaldo Cintra.  

            Anos 60, 70, quando Campo Mourão era bem menor do que hoje, todos se conheciam pelo nome, sobrenome, profissão, onde moravam. A saudade do Waldemar e minha, nos acompanhou até meu destino. Nos despedimos com a idêntica conclusão, a vida vale a pena, sentir falta de nossos pais é compreender mais e melhor o que eles representam. 

Reminiscências em Preto e Branco

            O taxista Waldemar, subtítulo Olhos (…) faz recordar da profissão com outras denominações antigas:  chofer de praça; motorista de carro de aluguel. Detalhe na pronúncia  oral chofer, como Chofêr. Tempos mourãoenses, anos 50, 60, sotaque francês.