A inutilidade do voto útil

Podemos tirar o nariz de palhaço e construir algo real com as nossas escolhas.

Lya Luft

            Se todos os eleitores brasileiros decidissem fazer cada qual a sua escolha de acordo com a própria consciência, não seria preciso pesquisas eleitorais. Não se trata de desmerecer levantamentos sobre a intenção do eleitor nem tampouco tolhê-lo de tal informação como aspectos de análise.

            As últimas eleições presidenciais não foram o que era para ter sido, o eleitorado em grande parte tem culpa no resultado do pleito. Em 2006, as possibilidades, de acordo com as pesquisas iniciais, era que Lula venceria no primeiro turno. Mas o candidato petista teve que enfrentar o tucano Alckmim e, estranhamente, o candidato do PSDB fez menos votos no segundo em relação ao primeiro. Cabe rememorar, Lula jamais venceu uma eleição presidencial em primeiro turno. E Lula perdeu duas eleições sem ir para o segundo turno.

            Já na acirrada disputa de 2014 se manteve enorme imprevisibilidade até os últimos dias do primeiro turno, quando não se sabia quem iria para o segundo turno e enfrentar Dilma, PT, candidata a reeleição. Pesquisa daqui e dali, comentários e rumores, a então candidata Marina, que chegou a ter 30% das intenções de voto, foi ultrapassada na reta final pelo PSDB de Aécio. O segundo turno foi a eleição mais disputada da  história republicana do País. Além das perdas de Marina, outros postulantes tiveram esvaziadas tais preferências porque o eleitorado não votou em quem era da vontade dele, para praticar o voto útil.

            É preciso destacar o seguinte: o chamado voto útil adotado por uma grande fatia do eleitorado não é resultado de um pragmatismo consciente e que visasse de fato influir no quadro de candidaturas e no resultado em si do pleito.

            Nada disso! Infelizmente eleitores acreditam – não escondem e até se gabam – o desejo de não perder o voto. Criticam, tiram sarro e até consideram ignorante gente que tem propaganda e manifesta intenção de voto em candidatos que não têm chances. Cenário ainda de primeiro turno, como foram as eleições anteriores e tudo levar a se acreditar que algo bem parecido acontecerá daqui a alguns dias.

            O segundo turno perde sobejamente em importância por culpa e logicamente responsabilidade do eleitor, que deixa de lado a sua verdadeira intenção para não perder o voto, não ferir quem sabe a sua autoestima e desejar sempre estar ao lado, junto com os ganhadores e quando esses vencedores não estiverem no poder, o próprio eleitor já tratou de cair fora e negar que estiveram juntos. Não é pouco a quantidade de eleitores que cometem atentado com o próprio voto.

            Por mais importante que sejam as pesquisas para orientar o eleitor, ele não deveria, jamais, definir o voto dele de acordo com antecipar quem deve, ou não, estar no segundo turno.

            E se o eleitor votar em alguém que terá poucos votos? O candidato perdeu, entretanto, o eleitor não terá perdido a sua consciência individual e política, é o que deveria valer.

            E o óbvio, por fim, o segundo turno é que pode fazer sentido escolher o menos pior, diante da opção do primeiro turno, da peneira que foi o mesmo eleitor que decidiu.

Fases de Fazer Frases

            Bem cabe o que é justo. Nada cabe ao injusto a não ser o próprio aperto.

Olhos, Vistos do Cotidiano

            A Semana de Trânsito esteve novamente voltada para as crianças e jovens, futuros motoristas mas que, como pedestres e passageiros de agora, vão se conscientizando das leis. Todavia – sem duplo sentido, no caso com toda via – em Campo Mourão faltou insistir numa realidade cada vez mais assustadora mas que covardemente vem sendo ignorada. Os acidentes com vítimas que ficam abandonadas porque o condutor de veículo ou moto, fugiu. Até quando?

Reminiscências em Preto e Branco

            Um governo deve sair do povo como a fumaça deve sair da fogueira, diz o escritor Monteiro Lobato. O maior escritor infantil era um entusiasta do Brasil. Foi um dos primeiros a afirmar que no solo brasileiro existiria o chamado ouro negro, quando sugeriu ao então presidente Getúlio Vargas que criasse a que veio a ser chamada até hoje  Petrobras. Muitos não acreditavam no  Lobato que de fato tínhamos muito petroleio. O curioso, não por tal motivo mas sim por se posicionar contrário a censura, o próprio Lobato foi preso a mando de Getúlio.

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Por José Eugênio Maciel | [email protected]