Data venia, Renatinho
“Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas”.
Cora Coralina
A tesoura recorta o jornal, a coluna é colocada no arquivo da família. Conversávamos sobre o pai dele, falecido em dois de junho. O recorte é o desta Coluna, Artigo intitulado Doutor Renato, a estrutura social, concreto, falecido aos 88 anos e que foi prefeito de Campo Mourão, 1973-1977, o texto expressa o sentimento da perda do Renato Fernandes e Silva.
Quase um ano depois, não poderíamos imaginar que um assunto que sempre foi comum entre nós, de falarmos de nossas famílias, éramos amigos, e também falar de Campo Mourão.
Agora, falar da sua partida, rumo ao infinito, desde o último dia quatro. Chamado desde ao nascer carinhosamente pela família de Renatinho, numa alusão homenageadora ao pai, Renatinho era como todos o tratavam, também com respeito e afeto, inspirado na pessoa dele, humilde, simpática e com a singular capacidade eloquente de ter e bem tratar os amigos que deixou. Eram muitos. Sou um entre os muitos, a sentirmos a inesperada e abrupta partida, tínhamos a convicção que superaria os problemas de saúde.
Além do nome do pai, vínculo familiar de intensa razão de ser, se tornou advogado, trilhando caminhos que não foram fáceis dados aos desafios inerentes de tal profissão. Renato Fernandes Silva Júnior dizia-me ao telefone sobre a escuridão, o vazio com a morte do pai, “meu porto seguro, pai, avô generoso”.
Renatinho seguiu um caminho político, não como o pai, mas o comunitário, associativista. Sempre disposto a iniciativas que pudessem representar mais progresso de nossa gente, da cidade.
E foi na militância profissional que o guindou a presidir a Subseção da Ordem dos Advogados de Campo Mourão. Foram três mandatos (2013 a 2021). Representou a classe com dedicação, altivez e tenacidade. E, entre muitos aspectos enaltecedores da exemplar conduta, Renatinho mantinha-se humilde, atencioso para com todos que o procurassem.
Aos 63 anos, a ausência eterna, sentida e indizível, é da família, mãe, esposa, filhos, como irmão e que se estende aos amigos e colegas de profissão.
Fases de Fazer Frases
Tudo em seu lugar depende do lugar da pessoa.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Mais de dois milhões de jovens com 16 anos e menos de 18 se alistaram em todo o Brasil, precisamente são 2.042.817, aumento de 47% em relação ao período eleitoral anterior. Os dados são do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, que considera positiva a campanha de mobilização dos jovens, destaque para muitas escolas que também estimularam os estudantes. As eleições serão no dia dois de outubro, e se necessário o segundo turno, a data é 30 de outubro.
Farpas e Ferpas
Tempos de maldades tantas a ingenuidade não tem vez.
Reminiscências em Preto e Branco – Manuel Castanheira, tudo que sonhou
“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.
Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
Cora Coralina
Ele se foi. Deixou o solo preparado para o semear. Deixou plantas para serem regadas. Também ficaram os frutos. E o maior legado dele, o respeito e a confiança familiares, bem como vastas e intensas amizades de toda uma vida, notadamente em Campo Mourão, como fora na origem natalícia do amado Portugal.
Assim como cabe a citação acima, da Cora Coralina, cabe outra, dele mesmo: “Tudo que sonhei, realizei com muito trabalho, está em Campo Mourão, onde me orgulho de viver”. O dia quatro de maio representou a despedida final, a terra que tanto devotou e que tanto há de continuar como inspiração, ainda quem sem ele, um dos mais autênticos moradores deste lugar, terra que agora o recebe para o descanso eterno.
Manuel Castanheira Lopes da Silva, tinha olhares, gestos e sentimentos de bondade, compreendia como poucos a alma humana e seus matizes. Nasceu em 12 de outubro de 1938. Nos anos 1960 ele já bem conhecia o Paraná e particularmente Campo Mourão, lugar que naturalmente se afeiçoou, levando a acreditar que poderia deixar de ser o doceiro viajante que percorria as mercearias, empório, armazéns, dos lugares ou os da beira das estradas empoeiradas ou de trilhas tomadas pelo barro.
Se é vocação lusitana ser negociante, o português é o comerciante típico, e seu Manuel aqui sempre manteve as tradições, bom patrício, e brasileiro que se tornou, tendo tomado gosto por este país.
Nos meus tempos de meninice, descortina-se agora o que sempre esteve presente, a empresa Manuel Castanheira, na avenida Capitão Índio Bandeira, esquina com a Rua Laurindo Borges. O prédio está lá, marca que o tempo não levou, como também não tolheu as boas lembranças.
E foi ali, numa ocasião, que fui lhe fazer uma visita, recebido, com fidalguia, Manuel sempre foi um encanto pelo lugar, Campo Mourão era a sua identidade, chão firme, e ele um hospitaleiro dos mais exímios, sabia expressar o seja bem-vindo. Recordei com ele o imenso armazém, o enorme estoque de doces e bolachas, o grande número de veículos para transporte e entrega da mercadoria.
“O meu querido pai, foi uma grande honra ser sua filha!”, escreveu a advogada Carolina Amaral Castanheira Lopes, filha do Manuel, irmã do Fernando e Ricardo. E para este pedaço do Brasil, Campo Mourão teve a honra de contar com um cidadão tão distinto.
José Eugênio Maciel | [email protected]