Gorbachev se desarmou para a paz
“Por mais importante que seja, todos são esquecidos. Tudo é esquecido.
E até mesmo o tempo, o agente principal, responsável por todo
esse esquecimento precisa de testemunhas para poder existir,
ser contado por seres temporais. Pois uma história
que não pode ser contada de nada serve”
Jairo Laranjeira
Depois de se fazer todos os registros, contar a história exige-se duas atitudes, a de se aprofundar nos fatos históricos, chegar ao seu âmago; e também tomar uma distância de cautela para ver, verificar e apresentar a sua abrangência. A história segue o seu curso, quando aparentemente estática, ele se movimenta, assim como quando parece célere, dá voltas em círculos.
A biografia de Michail Gorbachev, morto aos 91 anos no último dia 30 (nascido em dois de março de 1931), em qualquer narrativa que se faça da vida dele, grande parte e fundamental dela tem a ver com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, e outra parte essencial tem relação significativa enorme e intensa com o mundo.
A história dele está registrada, contada, interpretada mas, ao mesmo tempo, passível de definições, sobretudo pelas consequências tidas dos fatos que, protagonista, pôde e quis Gorbachev engendrar.
A chamada Guerra Fria tinha como referencial para o fundo as até então duas maiores superpotências, a própria União Soviética e os Estados Unidos. Ogivas e mísseis nucleares caracterizavam o poderio bélico dos dois países, consequentemente punham os demais países sob o jugo dessa altercação. Simbolizando essa Guerra Fria, foi, por muitos anos, a chegada do homem à lua. O elevadíssimo custo armamentístico envolvia cifras bilionárias. E, o caso principalmente da União Soviética, as custas e à custa da pobreza do povo, onde a fome era avassaladora, longe, portanto de uma mera força de expressão.
A própria aparência dos seus líderes, os soviéticos no poder tinham a expressão sisuda, ensimesmados, para que a conotação fosse sempre a de ser austero, rijo, resoluto. Gorbachev teve o propósito, que só estadistas que não se acomodam no poder, mas se dispõem a enxergar como estadista e agir levando em conta as gerações que ainda virão.
Como presidente teve dois planos: Perestroika e Glasnost. A perestroika literalmente a significar reconstrução, tendo a partir de então a conotação de reestruturação. A Glasnost fora a transparência.
Um país fechado para o mundo, sem liberdade de expressão, um estado permanente policial, repleto de espiões lá e mundo a fora.
Mais do que restruturação e reformas, Michail aspirava transformações profundas e deu o primeiro passo em relação interna e ao mundo, o de se desarmar, pois todo aquele poderio bélico tinha um preço, a pobreza de significativa parte da população, embora sem o pleno conhecimento do mundo.
A terra, em seu solo onde sobrevivia a sua gente pobre e miserável, passou a ser efetivamente mais importante que a chegada à lula.
Um dos momentos que passou a ser dos mais culminantes foi ele ter recebido, em 1990 o Prêmio Nobel da Paz, pois Gorbachev tinha levado a palavra discursiva a sério na prática, a paz e a integração dos países.
Cabe ressaltar que a URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas forçou por todas as armas apontadas para o face dos seus povos e países, uma união de coação criminosa, culturas próprias e autodeterminadas que coercitivamente foram alvos abolição do direito de professarem a fé.
Como a história pode ensinar, pois hoje, com a invasão da Ucrânia e antes a da Criméia, a Rússia retrocede ao tempo dos bárbaros. O forte aparelho centralizador do Partido Comunista, a conhecida condição de “partido único”, golpeou Mikhail em agosto de 1991, dia 18, destituindo ele do cargo que fora guindado pelo povo. Ele se viu obrigado a renunciar
O fim da Guerra Fria, a abertura do País, o diálogo permanente com as demais nações, representam, mais que a diplomacia, a civilidade. Fim que foi possível pelos passos dados por Gorbachev, que estendeu a mão, agiu.
Uma das maiores consequências, à época inimaginável, posto que era uma utopia, foi a queda do muro de Berlim e a consequente união novamente das duas Alemanhas eu uma só.
Mikhail Sergeyevich Gorbachev, nascido em Stravropol, era filho de família de imigrantes ucraínos, perdeu dois irmãos e um tio que morreram de fome, é história de uma nação que ainda tem muito o que aprender em termos de estado democrático, lições que Mikhail falou e fez, ainda que não assimilado pelo seu próprio país.
Fases de Fazer Frases
Toda a vida é passagem, fundamental é saber transpô-la.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Aos caros leitores confesso que a Coluna nem era para sair, parecia impossível que ela fosse redigida. O motivo foi a internação hospitalar, consequências de esofagite e dores abdominais insuportáveis. Agora é aguardar o resultado da biópsia e o que prescreverá o médico.
Farpas e Ferpas
A brevidade não tem idade. Então, curta!
Reminiscências em Preto e Branco
Passado é sombra de nossa presente imagem.
José Eugênio Maciel | [email protected]