Setembro: o mês da bíblia, a palavra inspirada e inspiradora
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” – (2 Timóteo 3:16-17)
Tradicionalmente, durante o mês de setembro de cada ano, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Bíblia Sagrada, e esse período foi escolhido pelos Bispos do Brasil em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30.
Em 2022, o livro bíblico escolhido para o aprofundamento no mês da Bíblia é o de Josué e a Comissão para a Animação Bíblico-Catequética propõe o texto com o lema “O Senhor, teu Deus, estará contigo por onde quer que vás” (JS 1,9). O personagem principal origina-se do termo em hebraico que significa “O Senhor salva”, e o livro de Josué nos leva a perceber que Deus nunca deixa sem resposta as pessoas e comunidades que a Ele se confiam, além do que o esforço empreendido pelas tribos israelitas na conquista e ocupação das terras é o tema chave na narrativa.
O mês comemorativo da Bíblia teve início em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG). Foi levado adiante com a colaboração do Serviço de Animação Bíblica da Congregação das Paulinas (SAB) e depois assumido pela CNBB, estendendo-se ao âmbito nacional.
O santo e doutor da Igreja, que viveu entre 340 e 420, foi o secretário do Papa Dâmaso (366-384) e por ele encarregado de revisar a tradução latina das Escrituras, a partir das versões do hebraico e do grego e alguns trechos em aramaico. Essa versão latina feita por São Jerônimo recebeu o nome de Vulgata, que, em latim, significa “popular” e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.
Registros apontam que foi um trabalho gigantesco que demandou cerca de 35 anos nas grutas de Belém, onde ele realizava esse ofício, vivendo uma austera vida de oração e penitência. No dizer de São Jerônimo, quem não conhece os Evangelhos, não conhece Jesus.
Segundo o mais erudito dos padres da Igreja latina, Jesus conhecia profundamente a Bíblia e a citava. Isso é o suficiente para que todos os seus seguidores façam o mesmo em forma de oração.
Motivar a leitura e o acesso mais frequente à Bíblia em setembro, também tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Palavra de Deus, na ação evangelizadora da Igreja, criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação e facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Bíblia, a pessoa e as comunidades. Com esta campanha a Igreja pretende colocar a Palavra em evidência, tanto no processo de formação quanto de celebração e de compromisso missionário.
A Palavra de Deus nos revela o rosto de Deus e seu mistério. Ela é a história do Deus que caminhou com seu povo e do povo que caminhou com seu Deus. A Bíblia tem uma longa história, desde nossos pais e mães na fé (Abraão e Sara, Isaac e Rebeca, Jacó, Lia e Raquel) passando por Moisés, pelos Profetas, até a vinda do Messias, e por fim a morte do último dos Doze Apóstolos quando foi escrito o último livro da Bíblia (o Apocalipse, escrito no final do I século). A Palavra de Deus demorou em torno de dois mil anos para ser escrita. Muitas pessoas fizeram parte desta história: homens, mulheres, crianças, jovens e anciãos. Por isso, podemos dizer que a Bíblia é um livro feito em mutirão. Continua viva e eficaz.
Leia a Bíblia. Ela é um tesouro precioso que podemos encontrar em nossas vidas e revela-nos o próprio Deus em sua essência. Usem-na como capacete da salvação e espada do Espírito.
“Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça” (2Tim 3,16). A Bíblia foi escrita por pessoas chamadas e escolhidas por Deus e que foram inspiradas através do Espírito Santo. Ela revela o projeto do Criador para o mundo; serve para que todos possamos crescer na fé e levar uma vida de acordo com o projeto de Deus. Por isso, ela é a grande “Carta de Amor “ do Pai para nós, vossos filhos.
Setembro e todos os meses, são efetivamente, tempo de termos a inspirada e inspiradora leitura de cabeceira.
GILMAR CARDOSO, é advogado, poeta, membro do Centro de Letras do Paraná e fundador da Cadeira nº 1 da Academia Mourãoense de Letras.