Injúrias e juras de amor, pelo poder

“O galo cacarejava em cima de uma árvore. Vendo-o ali, a raposa tratou de bolar uma estratégia para que ele descesse e fosse o prato principal de seu almoço.
-Você já ficou sabendo da grande novidade, galo? – perguntou a raposa.
-Não. Que novidade é essa?
-Acaba de ser assinada uma proclamação de paz entre todos os bichos da terra, da água e do ar. De hoje em diante, ninguém persegue mais ninguém. No reino animal haverá apenas paz, harmonia e amor.
-Isso parece inacreditável! – comentou o galo.
-Vamos, desça da árvore que eu lhe darei mais detalhes sobre o assunto – disse a raposa.
O galo, que de bobo não tinha nada, desconfiou que tudo não passava de um estratagema da raposa. Então, fingiu ver alguém se aproximando.
-Quem vem lá? Quem vem lá? – perguntou a raposa curiosa.
-Uma matilha de cães de caça – respondeu o galo.
-Bem…nesse caso é melhor eu me apressar – desculpou-se a raposa.
-O que é isso, raposa? Você está com medo? Se a tal proclamação está mesmo em vigor, não há nada a temer. Os cães de caça não vão atacá-la como costumava fazer.
-Talvez eles ainda não saibam da proclamação. Adeusinho!
E lá se foi a raposa, com toda a pressa, em busca de uma outra presa para o seu almoço”.
Fábula de Esopo – O Galo e a Raposa

Desde o encerramento e a proclamação do resultado do primeiro turno, Bolsonaro (PL) e Lula (PT) intensificam a busca e conquista de mais votos.

A propaganda e a fala dos dois também ocorrem nas adesões, apoios que amealharam, principalmente dos então concorrentes que ficaram de fora. Do segundo turno e, quem sabe, não do poder.

A fábula de Esopo bem ilustra as chamadas amizades de interesses e de ocasião, o oportunismo da política. O candidato que não recebeu o apoio, critica o apoiador do outro, asseverativas críticas e mais críticas. Os dois agem com o mesmo intuito, exemplo maior é o discurso do então candidato à presidência Geraldo Alckmin (PSB), chamando Lula de “ladrão” e o tucano governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB) que passou a apoiar Bolsonaro.

A altercação ou a união gira em torno do poder, aliás, o poder pelo poder, tudo se resolve com nacos, fatias e cargos do poder, “entre tapas e beijos”.

Fases de Fazer Frases (I)
Bom ter uma segunda opinião, não uma opinião de segunda.

Fases de Fazer Frases (II)
Bom modo é não maldar. Moldar o bom é o melhor modo.

Fases de Fazer Frases (III)
Ansiedade é uma pressa acelerada.

Olhos, Vistos do Cotidiano
Justiça Eleitoral de CM Faz Carga e Lacração de Urnas Eletrônicas Para o 2º turno, a manchete deste Jornal é da quarta passada. Tudo pronto, tudo certo.

Em termos de Brasil afora, tudo caminha no mesmo sentido. Menos com a tal averiguação das Forças Armadas que fizeram auditoria e verificação das urnas (cerca de 400) até agora nada disseram. O certo historicamente sobre os militares é que detestam eleições, impuseram 21 anos de ditadura, nada dessa história de o povo escolher presidente pelo voto livre, universal, direto.

É, o que não é bem lacrado pode estar ou ser encalacrado.

Farpas e Ferpas (I)
Apesar do pesadelo, sonho é bom tê-lo.

Farpas e Ferpas (II)
Apesar da inveja, não tema o que alveja.

Farpas e Ferpas (III)
Política ignora.

Política, ignora.

Politicamente.

Política mente.

Política, mente.

Farpas e Ferpas (IV)
Temas amenos.

Temas a menos.

Não temas: temas a mais ou a menos.

Reminiscências em Preto e Branco
Como o tema principal da Coluna de hoje é a relação de amor e ódio (não necessariamente nesta ordem) entre políticos na disputa atual, rememoro o diálogo entre o presidente (14° do Brasil) Getúlio Vargas (1934-1945 e 1951-1954), estava na fazenda localizada na terra gaúcha natal, São Borja, ele recebeu dois políticos adversários, um de cada vez e em separado.

O primeiro a falar com Getúlio criticou muito o adversário. Getúlio movimentada a cabeça em sinal de concordância, afirmando, “o senhor está certo”.

Tendo despachado o primeiro, recebe o segundo visitante, que também só desafora o adversário. Novamente Getúlio com tudo concorda, movimentado a cabeça, fumando o charuto e declara, “o senhor está certo”.

A esposa Alzira Vargas, que prestou atenção nos dois diálogos, interroga o marido: “Os dois políticos são ferrenhos adversários, um só fala mau do outro! E você, Getúlio, concordou com os dois!”

Depois de deixar a fumaça do charuto passar pelos pulmões, Getúlio solta ela pela boca, tendo tirado o charuto dos lábios e, pensativo, responde a mulher que esperava ansiosa pela resposta, que veio direta, mas amável.

“Você tem razão, Alzira!”

José Eugênio Maciel | [email protected]