O que ver primeiro
“Tantos lugares para conhecer
[….]
Sabores para descobrir
[…]
Momentos para guardar
Histórias para contar
É a única bagagem que devemos carregar”.
Zukawaguchi
Manias? Bobagens? Conhecer um lugar é, para muitos, só estar nele. Outros mais acham que conhecer um lugar é se informar sobre, mesmo sem nunca visitá-lo. Durante décadas habituei ouvir rádio, estação do lugar, meu destino. Lá conhecer o centro da cidade; a igreja matriz; ir ao mercado municipal; comprar jornais, revistas, livros locais. Ler placas dos monumentos, estátuas.
Os cinemas, dizimados pelo público, desapareceram. E mais recentemente as bancas de jornais e revistas. Em Maringá a maioria delas mudou de ramo.
No Aeroporto de Londrina só é possível ler sinais e placas indicativas. A banca desapareceu e já faz tempo que eu não sei o que é pegar na mão um exemplar da Folha de Londrina. Ninguém me contou, eu mesmo andei todo o calçadão, nenhuma daquelas famosas bancas tinha a “Folha” ou qualquer outro jornal e revista.
Os lugares não são mais os mesmos, eu, idem. Qual a minha bagagem?
Fases de Fazer Frases (I)
Aos olhos da imaginação tudo é perfeito.
Fases de Fazer Frases (II)
Alvejar a inveja é vicejar o próprio.
Fases de Fazer Frases (III)
Não se surpreender mais é perder o encanto.
Fases de Fazer Frases (IV)
Não pensar é vazio que não se enche.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
“Melância”, palavra que tem algo de misterioso, pois escrita assim, com acento circunflexo, não é raro. Seria o som da palavra, notadamente no “lâ” que induz o erro? O que se pode é informar, melancia não tem acento algum.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
No período da repressão militar, a palavra melancia era usado para identificar pessoas que aparentavam politicamente ser uma pessoa, mas seria outra politicamente. Então um “melancia” era “verde por fora”, patriota mas “vermelho por dentro”, comunista. O que diriam das palavras, abóboras que saem da boca… Como “abóbras”.
Farpas e Ferpas (I)
Retrato na parede é espelho do passado.
Farpas e Ferpas (II)
Relógio é imagem do tempo que se tem, ou não.
Farpas e Ferpas (III)
Deixar de aprender é deixar-se à ignorância.
Reminiscências em Preto e Branco – Riso e sorriso do Dilmar
Dilmar sorria antes ou junto com o cumprimento a seus amigos, de simpatia para a empatia, de celebrar as pessoas com o sentimento autêntico de quem dispunha e compartilhava a graça da vida. Ria, o humor da graça de fatos cotidianos que não precisassem serem levados a sério.
Foi sempre um apaixonado pela vida, nele todo e o sentido maior era o familiar, proporcionava abundantes afetos.
A paixão pelo trabalho e por Campo Mourão era exemplarmente cultivado pela exaltação por este lugar, a merecerem dele uma esmerada dedicação cidadã, do bem. Aos 68 anos, Dilmar João Potrik descansa na serenidade de um homem bom.
Reminiscências em Preto e Branco – Daniel, carreadores dos campos
Certos nomes ou apelidos têm desde a origem expressões simples e sábias das pessoas, que se tornam mais gentes, imbuídas no sentimento maior, a família e a comunidade, numa junção do bem viver, querer bem. Vicinal vem de vizinho, designa os caminhos que ligam os vizinhos, amigos entrelaçados nesses carreadores.
Funcionário da prefeitura de Campo Mourão, prestou serviços com intenso labor até se aposentar. Nascido em São Paulo, Presidente Prudente, chegou aqui na década de 1950, pioneiro que fez história. Época que o referido Município tinha Luiziana e Farol, a grande extensão da área, com imensas quantidades de caminhos, carreadores, ele conhecida todos, de memória prodigiosa. Comandava com denodo as máquinas que abririam e manteriam o leito natural que permitisse percorrer com segurança. Era comum, quando concluída a empreitada, uma festa, almoço, cantoria, festejar o árduo trabalho realizado com gosto, a saudação à vida.
Quantos amigos teve, que bem soube dar a eles atenção, cooperação e generosidade. Além da família, eles estão agora a despedir-se de um homem probo, que criou os filhos como ele sempre foi, de decência, fé, de integridade que filhos e netos tanto se orgulham.
Conheci Daniel Martins de Campos, a simpatia, o aperto de mão, a educação e zelo pela família e a qualquer ser humano, para ele nunca seria distante mas próximo.
Ele percorreu o último carreador carinhosamente assim chamado, na verdade a imensa vida, estrada que fez, andou, e agora ele vira na curva ou na descida desaparece, rumo ao infinito celestial. Dia três, quarta passada, é agora saudade, 81 anos, perene e edificante continuará o legado dele.
Reminiscências em Preto e Branco
Saudade é saudação, dos vivos que ficarão, dos mortos que serão.
José Eugênio Maciel | [email protected]