Pé Vermelho, Vila, Urubu, trocar de nome, apelido?
“O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa,
mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem”.
William Shakespeare
São abundantes notícias sobre mudança de nomes e polêmicas quanto a apelidos. Quando mudam oficialmente, continuam sendo chamados como antes.
Assim como as palavras, nomes próprios ou apelidos, podem ter novos significados, para pior ou para melhor.
Começando o fato mais recente, terça passada, 14, o Bom Dia Paraná, RPC, a televisão exibiu reportagem da Praça de Londrina que tem agora o nome de Pé Vermelho. Praticamente todo o Paraná o solo tem tal cor como característica. Mas o apelido de pé vermelho tinha sentido pejorativo para os curitibanos. A Capital do Estado sentiu a chamada invasão quando José Richa assumiu o governo estadual, 1983-1986, e muitos de Londrina assumiram cargos de grande relevância no Palácio Iguaçu. De certa forma tendo quebrado a predominância, só eram da Capital os governadores. Também foi a estrondosa vitória da oposição (MDB) contra a ARENA.
Invés de se sentirem ofendidos, os interioranos tinham é orgulho de serem pé vermelho. Além da cor do solo, o pó ou o barro tem a ver com as terras produtivas, atividade que sustenta nossa economia.
O Clube de Regatas Flamengo ganhou um apelido dado pelos rivais, que era para humilhar o time de futebol. A torcida assumiu com orgulho e até argumentou, “somos urubus que comem carniça, que são vocês, rivais adversários”. Tanto é assim que o Centro de Treinamento tem oficialmente o nome de Ninho do Urubu.
O presidente da Associação de Moradores da Vila Cândida em Campo Mourão Neraldo Ferreira Costa, declarou pretender mudar o nome da Vila devido a fama ser ruim (notícia veiculada nesta Tribuna, pelo jornalista Valdir Bonete, sete de outubro, intitulada Futuro presidente da Associação propõe mudar o nome do Bairro)
Apesar da boa intenção, a simples troca de nome não resolverá o problema, é como uma pessoa que muda de nome, até com razão quando o nome é vexatório. Mas a mudança dela não cria uma nova personalidade, elevada e mais positiva. A Vila Cândida precisa ser valorizada a partir dos próprios moradores que podem e devem enaltecer com orgulho o lugar onde moram. O Lar Paraná durante muito tempo tinha a fama bem negativa, até no apelido de Larpão, o que foi mudando com o tempo e pela vontade dos moradores em mostrar e demonstrar as qualidades do Bairro, inclusive a expressão Larpão tem hoje o sentido de grandiosidade, o que é verdade, o Lar Paraná é maior do que a maioria das cidades da região. Para se ter ideia – sem desmerecer as duas – Araruna e Peabiru caberiam no Grande Lar Paraná.
A velha máxima, basta que a pessoa reaja contrariamente a um apelido para ela, aí que o apelido pega. E a denominação de Vila vai deixando de ser negativo passando a ser o contrário, como é o caso da Vila Urupês, que, no passado e por décadas, era “o fim da cidade, sem asfalto, iluminação….” Atualmente os moradores têm a satisfação de serem moradores da Vila, Urupês.
Fases de Fazer Frases (I)
Nas palavras se percebe o sentido: sentindo as palavras.
Fases de Fazer Frases (II)
Paciência é virtude, defeito para quem não a tem.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Depois de 24 anos, finalmente a Viapar cumprirá o contrato previsto no pedágio. Obrigação judicial originária de três ações civis públicas movidas pelo Ministério Público Federal. Ela terá que construir o contorno de Peabiru, seis quilômetros, previsto também quatro viadutos.
Mas não é possível aceitar de imediato como boa intenção da Viapar. Ela topou o acordo para não ficar de fora da nova concorrência das rodovias paraenses.
Terá que fazer outras obras, mas fiquemos a dizer essa por ser na nossa região. Cabe repetir, 24 anos depois, concessão iniciada no governo Jaime Lerner, 1997.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
“Peróbas”, assim está na placa na Estrada Boiadeira (BR-487) sentido Tuneiras do Oeste a Campo Mourão, quilômetro 37. Tal palavra nunca teve acento. O correto é peroba. A placa indica a Reserva Ecológica.
Farpas e Ferpas (I)
Pensamento carece de raciocínio. Quem não raciocina não pensa.
Farpas e Ferpas (II)
Se tu tudo pudestes, destes farias?
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Já que o tema principal da Coluna é quanto a nomes adjetivados, troca e apelidos, eis dois fatos curiosos.
Usa-se comumente, aliás, já consta nos dicionários, a palavra pinel como sinônimo de louco. Devido ao Hospital Philippe Pinel, um francês pioneiro na psiquiatria. O Hospital, fundado em 1937, fica no Rio de Janeiro, recebe pacientes com problemas mentais. Quem ia para lá e ficava, era “pinel”.
Outro fato é no Paraná, em Ponta Grossa, uma das nossas principais cidades. Uma praça tinha um enorme monumento simbolizando o pinheiro Araucária. Mas a copa parecia sabe com o quê? Bem, vamos direito ao apelido que recebeu, “Cocôzão”. Muitas reportagens foram feitas, pois era mesmo muto bizarro. Se por querer ou não, um enorme enxame tomou conta, e os bombeiros usaram o fogo para acabar com as abelhas. Mas aí o monumento ficou destruído e a prefeitura resolveu retirá-lo e nada mais foi falado. Era mesmo um “cocôzão”.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
O tempo é tudo, se bem aproveitado.
Nada não aproveitado nem tempo é.
José Eugênio Maciel | [email protected]