Pro verbo e provérbio
“A árvore, quando está sendo cortada, observa com tristeza
que o cabo do machado é de madeira”.
Provérbio árabe
Falamos o tempo todo. Vontade ou necessidade.
Pode-se sequer não gostar de falar, porém não tem como, falar se impõe, questão de convivência comunitária.
É as palavras que nos escolhem, e os fatos determinam ou ajudam o que dizemos, ou a pensar no que falamos, depois.
Somos verbalizadores, encurtamos as palavras (engolimos também) como quem espreme suco de uma fruta. Beber é melhor que mastigar.
Verbalizamos provérbios encenando com gestos, as mãos são nossas linguagens, gírias que giram num gerúndio que parece não ter fim.
O verbo indica ação, a concepção de movimento. Do latim, verbo significa palavra. Palavra não tem o sentido exclusivamente único, singular, palavra é conjunto, plural, pode-se dar a palavra, que pressupõe palavras, conteúdo da fala.
“Falar é fácil, difícil é escrever, colocar no papel”, certamente expressões comuns e o escrevinhador aqui já deve ter escrito nalgumas vezes.
Não devemos escrever rigorosamente como falamos, o verbo oral não é o mesmo – até na entonação – do que o verbo escrito.
A qualquer professor, de qualquer área do conhecimento ou matéria, facilmente o conselho sábio e simples é o mesmo: Para aprender a escrever é preciso ler. E só se aprende a escrever com o tempo, pelo exercício permanente e próprio ou em conjunto com o ler e o escrever. É proverbial.
Aprendemos com o tempo?
Aprendemos com as palavras e o tempo delas (de vida) como a nossa(vidas).
A vida será o de nossas palavras, que não dependerão da memória.
Se registrarmos, elas serão eternas e não nos deixarão morrer por completo.
Seriam bem mais do que lápides e retratos do que fomos, mesmo quando não tenhamos sido, como no jazigo.
Fases de Fazer Frases (I)
Alma pede calma.
Calmaria se teria,
Não há além, alma do além?
Fases de Fazer Frases (II)
Quem não lê, léu.
Quem leu, não léu.
Fases de Fazer Frases (III)
Sem a imaginação… ela não existe.
Fases de Fazer Frases (IV)
Só ponho palavras. Não componho.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Impaciente, a pessoa dá pontapés no caixa eletrônico, dá murros e profere vários palavrões. Até então, é provável que todos perceberam o nervosismo, provavelmente devido a falha da máquina. Mas não! O próprio usuário autor de violência prometia matar “aquele desgraçado que ficou de depositar a minha grana mas me enganou”. Por ser um banco público, seremos nós, clientes ou não da Caixa Econômica, a pagar tal dano.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Após atos de vandalismo que destruíram o gradil do coreto da Praça Getúlio Vargas, em Campo Mourão, ele será restaurado. O coreto é Patrimônio Público Cultural do Município. E quase que nem coreto existiria atualmente, pois na reforma da praça estava prevista a sua completa demolição. Mas a comunidade se mobilizou e o coreto foi preservado.
O Jornal Folha de Londrina, à época tinha o jornalista Sid Sauer como repórter (hoje Boca Santa) noticiou em 1999, dia seis, o posicionamento deste escrevinhador aqui, então presidente da Câmara de Vereadores, afirmei com veemência ser contra a demolição. É, independentemente de “dar voto ou não”, história é patrimônio a ser preservado e vigiado contra todo tipo de vândalos.
Farpas e Ferpas (I)
Toda pergunta implicitamente é ignorância, até se ter resposta.
Farpas e Ferpas (II)
Na vaga o vadio não é de vagar, só de vagar sem vaga, devagar.
Farpas e Ferpas (III)
Toda palavra é pensada para ser usada, mas usada sem pensar.
Farpas e Ferpas (IV)
Nudez é roupagem moral.
Caixa Pós Tal
José Bernardo Rodrigues, de Paranavaí, estudante de Administração: “não é para qualquer um manter uma coluna tanto tempo assim, mais de 30 anos!” Do ‘nada’” você faz um belo texto”. “Não perco”. O escrevinhador agradece, honrado.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Tem quem possua panos de prato e use de acordo com o dia da semana. Na minha meninice implicava com o termo, para mim, os panos eram de tecidos.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Tempos que vão como águas, correm leitos naturais ou transbordam. Secam também. Como eles, elas evaporam. Ponteiros e cabeceiras da vida.
Reminiscências em Preto e Branco (III)
No pé calo-me das andanças.
José Eugênio Maciel | [email protected]