Professor Euclésio, rede de amigos e pesca

“Aprendi a rir de mim mesma, a não guardar rancor e falar o que penso. Aprendi que viver com emoção, inovação e diversão torna a vida mais leve. Aprendi que ter lembranças 
que te façam sorrir é o melhor remédio pra solidão. Aprendi que fazer às vezes 
é o que te torna são. Aprendi que cantar, dançar, gritar e rir e chorar é 
infinitamente melhor do que passar a vida tentando acertar em vão.”

Angel Mancini 

    O sorriso, surpreso a nos receber na varanda da casa. Foi recente, entardecer abafado, poucas nuvens, tênues raios de sol, sábado, além de mais um dia. Prenúncio  derradeiro. 
    Após delicada cirurgia, outro tumor. O cigarro, instante antes de chegarmos, tinha você a fumaça dissipada a se contrapor na solidão do infinito. A sombra negra da árvore parecia petrificada ante a falta de uma brisa. 
    Eu e a minha namorada Tânia Regina há pouco tínhamos sentado quando chegou Valdirene, mulher incumbida de cuidar de ti sem carecer que pedisse. Concluído o trago, conta-nos, “terminei a quimioterapia, agora o câncer tá na cabeça”. 
    Sem que o silêncio fosse vazio de abismo de certezas últimas, você segue a prosear, fala de pescaria sem façanhas folclorizadas. Recorda a beleza de estar, dormir à beira do rio, entrar nele, armar tralhas, sair de barco noite adentro, anzóis de aventura, mergulhos Recordações que nunca naufragaram, à tona, tom da vida de águas, rio, chuva, lágrimas sobretudo de alegrias. 
    Naquela prosa evidentemente falamos de sala de aula, sermos professores. “Quero me aposentar e não mais ficar ‘encostado’”. Aproveitei e sugeri que devesse se preocupar com a própria recuperação da saúde. 
    Agora compreendo, o seu sentimento maior e desejo, o de fato e de direito: se aposentar, com documento e legítima consciência de ter feito por merecer.
    Tinha o humor criativo da improvisação, sem piada pronta. Rimos muitas vezes, de nós mesmos, gargalhadas espontâneas e sinceras. Ainda que diante de todos os problemas com a saúde extremamente debilitada, sorria, e tinha planos. 
    Possuía notória e cativante paixão pela Matemática, respeito e franqueza com os estudantes e colegas de profissão. Simplicidade do homem que mesclava a cátedra à  vida, origem humilde. No Colégio Marechal Rondon em Campo Mourão fez e cuidou com esmero da horta escolar. 
    Barco que ancora para nunca mais navegar, semente de um fruto final, como  registro no quadro, não haverá mais aula. Ficarão edificantes lições que emanou. 
    Despediu-se da vida, 12 de dezembro, Euclésio Eloi Salvadori faria 67 anos no próximo dia 25, gaúcho de Santa Bárbara do Sul. Três filhos, Ana Carolina, Rúbia Helena e Rodrigo, a companheira Valdirene Peterline Salvadori. Deixa incontáveis amigos, especialmente os do Magistério, 25 anos de profissão, formado em Economia, Matemática e Administração.

Fases de Fazer Frases
    És digno maior quem ganha o pão e o reparte.

Olhos, Vistos do Cotidiano
    “Você escolhe muito bem as palavras, o todo do texto fica belo, conteúdo claro”, resume o professor de Educação Física do Colégio Estadual, Valdeir Ferro da Silva. E do mesmo Colégio, a professora de Biologia Ana Paula Lopes fez questão de divulgar pelas redes sociais o Artigo escrito sobre a LILIAN, A PALAVRA-CHAVE, que também motivou o referido professor a comentar.     

Farpa e Ferpa
    Conte com a sorte sem que o azar escute. 

Caixa Pós-Tal
    “Por acaso comecei a lê-lo, tem mais ou menos três anos e não parrei mais. Me inspira a pensar e a ser crítico com conhecimento de causa com informação”, escreveu Cassimiro de Oliveira Silva, ele mora em Divinópolis, Minas Gerais. Grato ao distante e ao mesmo tempo perto, leitor.  

Reminiscências em Preto e Branco    
    Despedir-se da vida é despir-se do corpo. É vestir-se do legado tecido. 
 

José Eugênio Maciel | [email protected]