Quem não faz nada, está lendo um livro?

“Não é porque não tenho nada a fazer que leio. 
Ao contrário, leio apesar de tudo que tenho a fazer”.

Henry Miller

   Aprendi na prática que a leitura é essencial. Meus saudosos pais liam. Livros, jornais e revistas sempre compuseram a nossa casa. 
   Além do hábito, uma simples lição, mas valorosa, recordada agora precisamente ao pensar o texto de hoje. Foi quando o meu pai Eloy pediu que alguém de nós o ajudasse a tirar do carro compras que tinha feito. “Vão lá piazada auxiliar o pai! – Disse a mãe Elza, que completou, “menos você, José Eugênio, continue lendo o seu livro!”
    Eu devia ter uns dez anos e já me interessava pela leitura. E eu não estava, ao ler o livro, “não fazendo nada”, mas fazendo algo tão importante que marcaria e marca a minha vida: o hábito da leitura.
    A Receita Federal propôs que os livros sejam taxados na reforma tributária. Nos meios acadêmicos a reação tem sido grande, contrária à medida que os custos e o valor dos livros cresceriam avultosamente. Técnicos da Receita disseram que “só os ricos leem”.
   Mas não é nada disso! Pesquisa da Retratos do Brasil aponta que 46% dos leitores têm renda familiar menor que um salário mínimo; e que 51% dos leitores recebem de um a dois salários mínimos”, segundo a edição eletrônica do Jornal Folha de São Paulo (oito de abril).
   Ainda que se considerem a leitura das classes economicamente menos favorecidas, que portanto usam as bibliotecas, é expressivo, segundo a pesquisa, a quantidade de leitores. 
           Para a poeta Luz Ribeiro, o brasileiro leria ainda mais, “não é a ausência de interesse, é ausência de ´possibilidade”, acentuou ela na reportagem.
    Por ser professor é comum nas minhas aulas citar trechos de obras, comentar sobre escritores, sempre visando estimular a leitura. E, numa dessas aulas, uma atenta estudante, com a expressão dos olhos que logo faria uma pergunta em seguida, quando disse ter muitos livros, ela indagou, “Se o professor gosta de ler, qual a importância do livro em sua vida?” 
          Respondi, “devo a minha vida, o que sou, minha profissão graças à leitura” e aos meus pais. 
    Infelizmente se tem a sensação que ler é improdutivo, de não se ter tempo, e que para ler é preciso não estar fazendo “nada”. 
           Pois é, nada é ser nada por não ler.   

Fases de Fazer Frases (I)
    Todos eram.
    Todos erram.
    Todos herdam.
    Todos eros.
    Todos ermos.
    Todos sermos. 

Fases de Fazer Frases (II)
    Sem tempo de sobra, sobram os tempos sombrios.

Fases de Fazer Frases (III)
    Se anda desaparecida, a verdade não foge de ninguém. 
    Se anda aparecida, a mentira corre atrás de alguém.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
    Numa tarde dessas, raramente tenho saído de casa, após a ida ao banco e antes de pegar o carro estacionado, entro na nossa Catedral para rezar, meditar. Devido as reformas e reparos, as imagens sacras estavam todas cobertas por panos roxos, logicamente para proteger todas elas. Apenas registro o fato, nunca antes visto por mim, que conheço a igreja desde que a minha mãe me levava para assistir à missa. 

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
    Quase cinco mil idosos mourãoenses não apareceram para tomar a segunda dose da vacina! É muita gente! É imprescindível a segunda dose, só a primeira não imuniza contra a Covid 19. Informação não falta!

Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
    “Vacinar de domingo a domingo” e “vacinar um milhão de pessoas por dia” tem sido apenas um belo discurso, na prática a lentidão e a falta de vacina compõem o cenário da pandemia. 

Farpas e Ferpas (I)
    Imaginação é semente, e não criação.

Farpas e Ferpas (II)
    O fim que nunca chega? Chega!

Farpas e Ferpas (III)
   Até o que não tem graça, sendo de graça, graça tem.

Reminiscências em Preto e Branco (I)
    Um dicionário ambulante, sempre à mão! Assim era o meu pai, quando em não sabia ao certo ou sequer tinha ideia de uma palavra, perguntava-lhe o significado, e seu Eloy me informava com imensa sabedoria, e paciência também.  

Reminiscências em Preto e Branco (II)
    Pessoas não deixam propriamente saudades. 
    Elas deixam marcas que registramos, inesquecíveis lembranças. 
    Que a vida vale a pena. Que a morte é uma pena.

José Eugênio Maciel | [email protected]