A importância das cooperativas de catadores

As organizações de catadoras e catadores têm uma importância muito grande para a gestão de resíduos sólidos no país e, por esse motivo, as análises produtiva, econômica e ambiental geradas pelas atividades desenvolvidas por estas contribuem para que as ações estruturantes realizadas pelo setor público e privado fortaleçam a cadeia da reciclagem.

O recém-lançado Anuário da Reciclagem 2022, documento que analisa dados atualizados sobre as organizações de catadoras e catadores no Brasil, traz alguns dados muito interessantes sobre a atividade.

Por exemplo: o Paraná já é o segundo estado com maior número de cooperativas: 252, atrás somente de São Paulo (402). Uma mostra de que a atividade está dando resultados financeiros para os trabalhadores, e de que o Estado tem ajudado na organização desta atividade.

Ainda na Região Sul, aparecem o Rio Grande do Sul com 197 cooperativas, enquanto Santa Catarina tem 97.

A amostra estudada nesta edição do Anuário refere-se às atividades realizadas pelas organizações de catadores no ano de 2021 e tem uma margem de erro de 3 pontos percentuais, considerando um grau de confiança de 95%.

Se considerarmos as regiões do país como um todo, o Sudeste tem o maior número de organizações (833), e a que possui a menor quantidade é a Norte, com 125. Já as demais regiões contam com as seguintes quantidades de organizações: Centro-Oeste 187; Nordeste, 315; e Sul, 536. Esse padrão de distribuição é coerente com as características sociodemográficas de cada região: segundo o último Censo IBGE (2010), as regiões Sul e Sudeste concentram 5 das 6 Unidades da Federação com maior população. Além disso, os estados dessas regiões são os que apresentam maiores níveis de atividade econômica, comercial e industrial. Dessa forma, a existência de disparidades regionais na quantidade de cooperativas e associações está correlacionada com as características de cada região.

A distribuição da quantidade destinada para a reciclagem por Unidade da Federação e por município também segue o mesmo padrão regional. São Paulo lidera os estados em termos de quantidade destinada para reciclagem, com 31% do total, seguido por Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul com cerca de, respectivamente, 11%, 10% e 9% do total.

Quando os parâmetros levantados são aplicados às 1.996 organizações de catadores do BD, considerando os aspectos produtivos e de distribuição regional, tem-se que essas organizações podem ter coletado, em 2021, cerca de 1.304,5 (um milhão trezentos e quatro mil) toneladas de resíduos sólidos5 em todo o país. Neste caso, a margem de erro é de 5%.

Em média, cada organização faturou no ano R$ 725,83 mil. As cooperativas e associações do Sudeste apresentaram o maior faturamento, superior a R$ 946,46 mil anuais, número que é significativamente maior em relação aos das demais regiões. Na análise por Unidade Federativa, destacam-se, em termos de faturamento, as organizações do estado de São Paulo, com um total real de R$ 86,6 milhões, seguido pelas do Rio Grande do Sul, com R$ 17,8 milhões, Paraná, com R$ 17,5 milhões, e Minas Gerais, com R$ 14,6 milhões.

Por fim, outro dado muito interessante do estudo: a partir da análise de 306 organizações em relação à quantidade de mulheres e homens, pode-se perceber que a reciclagem no Brasil é realizada, predominantemente, por mulheres. Dos 9.854 catadores identificados, 5.483 são mulheres, enquanto 4.371 são homens. Uma diferença de 1.112 mulheres a mais nas atividades de coleta, triagem, enfardamento e comercialização de materiais recicláveis no universo amostral pesquisado. Assim, as catadoras de materiais recicláveis representam cerca de 56% do total de trabalhadores da amostra estudada.

* Marcio Nunes é deputado estadual e ex-secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná