Comunicação marcante

Rebuscando na mente, encontramos frases inesquecíveis. Sobre assuntos os mais variados. No caso de um colunista político, inúmeras ouvidas das mais diversas fontes. Quando se critica na política brasileira o pouco respeito que homens públicos têm pela palavra empenhada, especialmente em campanhas como a recém-finda em que as afirmações foram deixadas à responsabilidade dos marqueteiros que, finda a refrega, recebem o valor combinado e saem fora, sem nenhum comprometimento com o que foi dito. Daí as decepções hoje vividas pelos que votaram. Vem à mente o tempo vivido no governo de Jaime Canet Jr. Além da competência administrativa, o zelo que tinha com a palavra empenhada: “Não prometo; assumo compromisso”. Daí o respeito que ainda hoje merece a sua figura, especialmente no interior, onde teve presença contínua. Palavras marcantes ficam na memória. Inclusive algumas, ditas durante aulas para se fixarem indelevelmente no aprendizado. De um tempo em que professores eram respeitados, ficou um momento de humor de um que lecionava português. Frase ensinada há mais de cinquenta anos por um extraordinário professor de português, Agostinho Menicucci, no Colégio Diocesano de Botucatu (SP). Alertava ele para os cuidados que a língua portuguesa requer. Exemplificava com a palavra abundante e o verbo abundar. Parece situação de hoje: “Em São Paulo há água para se lavar as mãos, mas não abunda”. Sábias palavras vividas hoje por uma capital que transformou toda a sua área em asfalto e cimento.

Injustiça continuada

Hoje os eleitos (e reeleitos) do Paraná serão diplomados. De Governador, Senador, deputados federais e estaduais. Momento oportuno para se tocar num assunto que ao colunista se afigura uma injustiça. Permite-se reeleições indefinidas a parlamentares, mas, nega-se a eles o direito de aposentadoria. Alguns, como Emílio Carazzai, conceituado médico de Cornélio Procópio. Eleito uma vez nunca mais voltou à medicina. Durante 25 anos ficou na Assembleia. Quando perguntado a razão de suas reeleições, explicava: “Não tenho como voltar. A medicina mudou. Outros ocuparam meu lugar”.  Mude-se a lei ou permita-se no máximo uma reeleição. Governadores com 9 meses, 4 ou 8 anos de mandato recebem aposentadoria integral.

Sem ouvidor

Oh justiça complicada a nossa! Com a crescente burocracia tomando conta do cenário público em todos os níveis, nada prospera sem contestação. Uma simples escolha de “ouvidor” de Curitiba, esbarra em liminares que bloqueiam sua eleição. Quando tudo encaminhava para a definição de uma jornalista ou um dos dois advogados selecionados, dois recursos judiciais são impetrados. Menos mal que atraso sem custo, diferente da retenção da licitação do metrô pelo Tribunal de Contas, que causou imenso prejuízo financeiro e mais atraso na obra.

Luta renhida

A Câmara Municipal de Curitiba assistirá a uma das mais disputadas eleições para escolha de sua Mesa Diretora. Acostumados à mesmice dos 15 anos de mandato de João Derosso, que segundo versões ainda tentava influenciar a atual eleição, mais dois anos de Paulo Salamuni, contrário à reeleição, que agora se contentará com uma “simples liderança do governo”, entre confirmações e desistências, pelo menos quatro candidaturas estarão na disputa até minutos antes das 14 horas de hoje.

Assunto inacabável

Quando o assunto “petrolão” parecia se encaminhar para um final em que surgem novas complicações, envolvendo uma funcionária que por levantar suspeitas junto a diretores da Petrobras (inclusive a agora presidente Graça Fortes), acabou transferida para a Petrobras em Cingapura. Agora um fato novo: quando Amsterdã se cobre de tulipas festejando a primavera, um agente da Receita holandesa recebe a extensa relação dos funcionários da estatal brasileira que, segundo a SBM, empresa local holandesa fornecedora da estatal brasileira teriam recebido US$ 102,2 milhões de dólares de propina, das mãos de Jonathan Taylor, representante da SBM no Brasil. A lista é comprida.