Revolução revivida

Especialmente nos últimos dias, com a divulgação do resultado das investigações realizadas pela Comissão da Verdade, a revolução de 1964 voltou ao noticiário. Pouca gente sabe no entanto que, muitas das iniciativas tomadas naquele período que, para desencanto dos mais atentos terminou nas mãos de um político que muito se servira do regime, José Sarney, ainda hoje são mantidas por interessar aos atuais governantes. Um exemplo está na comunicação. É sabido que emissoras de rádio e geradoras de televisões, são concessões políticas do governo. Terminado o governo que concedeu, seus proprietários podem tomar o rumo que quiserem. A própria revolução foi vítima disso. Não contava com  apoios espontâneos. Foi o coronel Otávio Costa, Assessor de Relações Públicas da Presidência que mudou o quadro. Ameaçou implantar A Voz do Brasil, diabólica e persistente invenção da ditadura de Getúlio Vargas que praticamente reduz a audiência das rádios,  a zero, no horário nobre das TVs. Foi um Deus nos acuda. Conscientes do prejuízo que teriam com a queda de audiência, as grandes redes correram ao governo. Convencionou-se que, em contrapartida à desistência da ideia, Costa concordou em que as emissoras dessem 30 minutos diários para inserções de anúncios institucionais do governo. Donde se vê hoje comerciais laudatório ao governante de plantão, com a legenda País rico é país sem miséria. Um resquício do período de 21 anos que atormentou os que emitiam opinião como esta coluna. Fase que jornais como O Estadão tinham trechos inteiros de matéria, censurados, provocando no caso daquele jornal a que o brasileiro conhecesse os versos de Camões –  Os Luzíadas, que substituíam os trechos censurados. Resposta à altura da violência!

Memória fraca

Ao se despedir da vida pública, José Sarney apresentou uma proposta pela qual nunca lutou quando tinha o poder: sugeriu a reforma política. Ao revés: quando presidente lutou para manter seis anos de mandato. Também fez críticas tardias ao governo em função do escândalo da Petrobras que envergonha o país, esquecido de  que a história da ferrovia Norte-Sul iniciada em seu governo, se recapitulada, também encheria a todos de vergonha. Como aliás, muitas das obras feitas no Brasil, inclusive a ponte Rio-Niterói, em pleno regime revolucionário.

Delação

Com alguns períodos de descanso passados no hospital em função de problemas coronários, o doleiro Alberto Youssef tem conseguido escapar nesses períodos das pouco confortáveis celas da Polícia Federal em Curitiba. Felizmente para ele o ministro do Supremo, Teori Zavascki  aceitou a sua delação premiada que pode diminuir as penas a que for condenado. Com a decisão, seus depoimentos e os de Paulo Roberto Costa irão ser cruzados e entrarão na fase de produção de provas.

Lenha na fogueira

A novidade no caso Lava Jato foi o longo depoimento da ex-gerente executiva da Petrobras, Venina Veloza, aos investigadores da Operação. Cinco horas recheadas de provas, segundo seu advogado Ubiratã Matos. Quando, e a coluna previra isso, partes interessadas tentavam desacreditar o testemunho da geóloga que durante muitos anos teve orgulho da empresa, agora só vergonha, segundo afirmação sua em e.mail à atual presidente Graça Fortes, Venina, segundo Ubiratã, prova que não é a vilã da história. O depoimento ao juiz Sérgio Moro acontecerá em fevereiro de 2015.

Conto da Carochinha

Um velho conto da Carochinha (seja lá o que isso signifique), aquele do sapo que pedia me joguem no fogo, não me joguem na água acabou se repetindo com o ex-deputado André Vargas. O ideal para ele é que fosse julgado pelo STF, coisa que levaria seu caso para pelo menos uns cinco anos mais. Com a cassação do mandato, volta para a 1ª. Instância. Vem para o julgamento do juiz Sérgio Moro, até agora um implacável justiceiro.

Sciarra confirmado

Confirmado como Chefe da Casa Civil do segundo governo Beto Richa, o ainda deputado Eduardo Sciarra vai terçar armas com o Chefe de Gabinete do governador para recuperar a condução da área política do governo. Em compensação recebe de mão beijada o poder e os recursos do Detran, agora retirados da Segurança.