2018 – Finalmente

A melhor maneira de cuidar do futuro é cuidar do momento presente. Thich Nhat Hanh

Primeira semana após o Carnaval, e o Brasil começa a andar. Será? 2018 surgiu com a expectativa de ser o ano para retomada do crescimento, após 2017 sinalizar minimamente para a saída do fundo do poço.

Porém, passados os primeiros 50 dias do ano, terminando o Carnaval (sim, em algumas regiões do país está terminando agora!) nos deparamos com a real perspectiva para o ano.

O cenário econômico aponta otimismo, principalmente em função da aparente inflação controlada e taxa de juros baixa, mas também baseada na melhora da confiança de empresários e consumidores.

Mas algumas incertezas contribuem para certa nebulosidade à frente. Primeiro, é um ano curto, do ponto de vista de eventos de vulto que costumam tirar a atenção do brasileiro para que o realmente importa: Carnaval, Copa do Mundo de Futebol e Eleições Presidenciais.

Outro fator importante é que a confiança do consumidor e o dinheiro mais barato não significam em crescimento econômico sustentável, haja visto que dependem do comportamento desse mesmo consumidor. Basta lembrar que, há alguns anos, a economia cresceu baseada em consumo, o que levou ao endividamento de grande parcela da população e, consequentemente, algum tempo de recessão.

Preocupação semelhante vejo no andamento, ou não, das reformas. Praticamente paralisadas por falta de vontade política tanto do Governo Federal como do Legislativo – cada um mais preocupado com seu ganho individual do que com o futuro do país. Pior do que aprovar ou não é manter um longo período de indefinições, pois isso afasta investimentos estrangeiros, segura as iniciativas de empreendimentos e dos próprios consumidores que temem o desemprego e a insegurança quanto a aposentadoria.

Finalmente, creio que o maior desafio será a eleição, pois é o principal fator de incertezas. Primeiro pela definição de quantos candidatos concorrerão à Presidência, e quais serão suas propostas. O fato é que, sem um vencedor que enfrente a realidade dos gastos públicos, viabilize um ajuste fiscal para reduzir o déficit público, entre outras reformas, não conseguiremos alavancar o crescimento.

E a definição de participação ou não do ex-presidente Lula talvez seja o elemento central do tema. Condenado em 2ª. instância, sua participação na corrida eleitoral não está descartada ainda, e isso gera mais hesitação e indecisão. Se chegar a participar e vencer ancorado em recursos judiciais a serem julgados mais tarde, terá capacidade e legitimidade de promover a articulação para as reformas? Se não concorrer, haverá um candidato que conseguirá uma coalisão para temas tão árduos?

Fato é que a sociedade não pode deixar mais um ano passar sem uma profunda discussão acerca do que desejamos. É hora de amadurecer os aprendizados sobre a crise que estamos passando e fazer opções. Mais do que torcer para o Brasil ganhar a Copa do Mundo, precisamos torcer para o Brasil ganhar um futuro próspero e benéfico a todos os brasileiros.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]