Refugiados amados, ou não?

Olho por olho, e o mundo acabará cego.

Mahatma Gandhi

            Cerca de 880 venezuelanos chegam ao Brasil todos os dias. Já são mais de 52 mil, número que dobrou em menos de um ano. A maioria absoluta deles vem a pé. Eles caminham os 220 quilômetros para chegarem à Boa Vista, capital de Roraima. A cidade tem cerca de 400 mil habitantes e já conta com 10 por cento de imigrantes oriundos daquele país. Evidentemente que os 40 mil venezuelanos não conseguem o que buscam, trabalho, renda, moradia, condições para viverem como famílias.

            E o Brasil, o que tem a ver com tal situação? Ainda que possa parecer que a pergunta é sem respeito, educação e até autoritária, na prática está a exigir uma reflexão, bem mais além da questão venezuelana no Brasil.

            O Brasil é hospitaleiro, solidário, concepção que na prática não se pretende mudar. Não faltam brasileiros dispostos ajudar, haja vista, para citar outro exemplo, o terremoto no Haiti, quando acolhemos centenas deles.

            Segundo o que divulgou o IBGE na última sexta-feira, são 26 milhões os brasileiros a procura de emprego, trabalho que possa garantir renda e condições de se manterem economicamente. Não é preciso tecer maiores comentários o que a falta de emprego e renda gera,  ausência de perspectivas, colocando as pessoas na vala comum do violento desnível social, gerador da miséria e dos conflitos.

            Não estamos em condições de resolver, sequer atenuar nossos próprios problemas de imediato e de todos, quanto mais a de todos que já estão ou tem chegado como imigrantes.

            Não se trata de repartir o pão, dividir o prato de comida, o cômodo da casa com os imigrantes. Estamos repartindo o que não temos para todos os irmãos brasileiros, ou seja, o pão que falta, a comida que não temos para todos.

            Também nesta semana, quarta anterior, a CUT – Central Única dos Trabalhadores lançou uma nota na qual ela repudia os que usam a palavra refugiados. Na linha tosca, defendem que a Venezuela tem um governo legitimamente eleito. E que é preciso respeitar a soberania da Venezuela.

            Os venezuelanos é que estão espontaneamente fugindo de lá, expulsos pela fome, miséria que se espraia e derruba a maioria dos moradores do país. Refugiados são aqueles que se encontram na iminência de fugirem das condições que não mais conseguem inverter.

            O discurso autoritário dos que defendem a Venezuela e o regime não admitem nem um pouco a incompetência do governo causador de tanta desesperança.

            Não se trata de comparar o Brasil com a Venezuela, seja em qualquer nível. Mas é certo que temos problemas de mais para enfrentar, sem podermos absorver o que Maduro não consegue, a pobreza cada vez maior no país vizinho. 

Fases de Fazer Frases (I)

            O começo do infinito é só o início do fim.

Fases de Fazer Frases (II)

            Esteticamente a beleza não é estaticamente bela.

Olhos, Vistos do Cotidiano

            Denúncia, prisões, processos, o pedágio nas rodovias no Paraná (privatizadas estaduais e federais) é bem mais do que escândalo de corrupção. São vinte anos de elevados preços e, agora prestes a terminar o contrato, as empresas correram fazer obras para mostrar serviços, também para não ficarem desabilitadas à futuras concorrências. 

            Contratos secretos e secretamente modificados. Planilha de custos enrustidos. O que tem a dizer as concessionárias? A Assembleia Legislativa? O Tribunal de Contas? O Ministério Público? Abram ou fechem as cancelas?

Caixa Pós-tal

            Rosicléia Aparecida Pereira, Parabéns pelos seus textos. Não é de graça que o senhor escreve há muitos anos na Tribuna. É verdade quanto ao tempo, este ano completo três décadas.

Reminiscências em Preto Branco

            Sou do tempo em que o tempo não me pertencia. Hoje pertenço ao tempo que não me tem.