Abraham Lincoln e o coitadismo brasileiro

Abraham Lincoln foi o 16.° presidente dos Estados Unidos e o primeiro a ser eleito pelo Partido Republicano. Nasceu no estado Kentucky e morreu assassinado em 65, com 56 anos. Sua eleição para a presidência em 1861 provocou grandes insatisfações políticas e acabou por iniciar uma sangrenta guerra civil.

Lincoln encontrou o governo sem recursos, sem exército e com uma opinião pública desfavorável, ainda mais agravada pelo seu discurso contra a escravatura e suas atitudes liberais.

Apesar de movimentos separatistas, ele percebeu a necessidade de preservar a unidade política do país que se não fosse por isso, teria se dividido em duas nações.

Através de sua brilhante oratória, ele exprimiu suas convicções de uma maneira tão clara e enérgica que milhões de compatriotas acabavam por aderir às suas ideologias.

Realizou proposições avançadas para sua época, como concessão de fazendas aos colonos com reserva de terras para escolas que mais tarde tornaram-se universidades estatuais. Preparava um programa de educação dos escravos libertados e chegou a sugerir que fosse concedido, de imediato, o direito de voto a uma parcela de ex-escravos.

Um dos maiores feitos, no entanto, foi a de fortalecer a auto-estima e o senso de capacidade e responsabilidade ao cidadão americano. Em várias de suas frases é possível identificar isso:

1. Não poderás ajudar aos homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios.

2. Não fortalecerás os fracos, por enfraquecer os fortes. Não ajudarás os assalariados, se arruinares aquele que os paga. Não estimularas a fraternidade, se alimentares o ódio.

3. O homem que não faz nem um pouco além daquilo para o qual é pago, não merece o que ganha.

4. Ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.

Com isso, contribuiu muito para a geração de um povo livre, mas responsável. Empreendedor, mas fraterno. De atitudes, sem conformismo.

Durante muitos anos vimos estes comportamentos transformarem a nação americana na mais poderosa do mundo. Apesar de crises e dificuldades, cada cidadão busca agir para melhorar de vida e criar suas próprias condições de sustento.

Não admiro o povo americano em todos os aspectos. Mas, creio que há muito não temos uma liderança capaz de tirar o povo brasileiro dessa Síndrome do Coitadismo.

Coitadismo é a qualidade que reflete um comportamento passivo, onde se espera tudo do Governo, dos outros, da família, de alguém. Onde o cidadão não exerce sua cidadania, mas cobra que os outros façam.

Coitadismo é achar que tem todos os direitos, mas não faz nenhuma das obrigações.

Coitadismo, como diz Lincoln, é aquele que não faz nada além do mínimo suficiente para ganhar seu salário, mas exige dos patrões sempre mais direitos.

Exemplo de Coitadismo é jogar-se no sofá quando chega em casa, dar um vídeo-game pro filho não ficar enchendo o saco, e depois reclamar da escola.

É coitadismo também sequer varrer a rua em frente a sua casa, jogar entulhos na calçada, e cobrar seus direitos quando alguém da família pega dengue.

Precisamos de líderes que gerem riqueza para as pessoas. Mas não riqueza material, pois a riqueza material é resultado da riqueza de espírito. E ser espiritualizado não é ter uma religião, frequentar a igreja regularmente, mas ter força de vontade, coragem e determinação. Se a liderança não propicia isso aos indivíduos, está sendo praticada de modo errado, ou encontra-se completamente fora dos rumos do Desenvolvimento.

___

Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]