Você também vai sofrer com o Covid

Dizem que em momentos de grande pressão nós mostramos o que temos de melhor e o que temos de pior.

Neste ano de situações sem precedentes por conta da pandemia do Covid-19, observamos que isso é verdade.

Ao mesmo tempo que vemos governantes preocupados com sua população, procurando salvar vidas, criando projetos para manter a economia minimamente funcionando, também percebemos outros aproveitando o momento para fazer política, e outros piores ainda utilizando as brechas da lei para desvios de verbas públicas em benefício de si e de aliados. 

Também vemos empresários inovando, reinventando seus negócios, buscando alternativas, criando novos mercados e canais de venda. Alguns conseguem identificar as novas demandas e se preparam para atendê-las. Por outro lado, muitos passam seu tempo reclamando, criticando, jogando a culpa no governo, criticando as decisões, sejam elas quais forem. Agem como crianças mimadas que não admitem que devem mudar e preferem achar um culpado para seu fracasso. 

Da mesma forma, vemos pessoas cuidando de si e dos outros, dedicando-se a buscar informações verdadeiras e compartilhá-lhas, cumprindo ao máximo as orientações médicas, ainda que seja a duras penas. Mas também vemos uma parcela da população que não está nem aí para os outros. Agem como seres superiores, creem que sua arrogância é suficiente para salvá-los. Acreditam que tudo podem, e demonstram isso desrespeitando as normas e seus semelhantes. Aliás, para essas pessoas, não existe empatia, pois se importam apenas consigo mesmas e com seu conforto. 

Temos belos modelos de filantropia, voluntariado, colaboração e amor ao próximo. Também temos tristes exemplos de festas e eventos clandestinos, atividades funcionando sem zelo frente aos riscos, resistência a uso de máscaras e distanciamento. 

Mas não há quem passará isento por este momento. Todos, pobres ou ricos, analfabetos ou doutores, empregados ou empresários, brancos ou pretos, nortistas ou sulistas, brasileiros ou estrangeiros. Todos seremos afetados. Ou pelo vírus, ou pelas consequencias dele. 

Muitos estão sendo afetados pela doença em si ou por amigos e parentes que foram contaminados ou faleceram. Outros estão doentes por medo, ansiedade, dificuldade de lidar com o momento e com o futuro. Muitos ainda estão afetados economicamente, seja por perda do emprego, ou perda do seu negócio ou do faturamento dele. Alguns ainda serão afetados quando os governos quebrarem pela dificuldade de manter suas receitas e deixarem de pagar salários, prover estrutura de saúde e educação. Veremos o aumento da violência causado pela miséria e pela falta de investimentos em segurança. 

Esse cenário catastrófico somente poderá ser amenizado se nosso lado prevalecente for o que temos de melhor, como a união, a coragem, a cooperação, o desapego às questões pessoais. 

As dificuldades aumentarão à medida que a sociedade se divida, se acovarde ou não responda às suas responsabilidades. Aquela ideia de que o buraco no barco está do outro lado e que portanto “alguém tem que fazer alguma coisa”, deve ser abandonada, juntamente com a zona de conforto que, aliás, não teremos mais. 

É necessária uma união em torno do propósito de superarmos essa crise. Governantes, empresários, sociedade civil organizada e população precisam superar seus medos e suas diferenças e agir em conjunto. Senão, como diz um amigo meu, só teremos duas classes sociais: uma que não come, e outra que não dorme! 

Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]