Opinião: Argentina salva Messi

Quando estreou com derrota para a Arábia Saudita, todo o favoritismo da Argentina caiu por terra. Um tropeço nos outros dois jogos e Albiceleste voltaria para casa. Mas aí a Argentina mostrou toda sua força e justificou sua chegada ao Catar como uma das favoritas: duas boas vitórias, classificada em primeiro e uma avenida aberta para uma semifinal contra o Brasil (pega a Austrália nas oitavas-de-final e nas quartas cruza com Países Baixos ou EUA).

Apesar do domínio argentino desde o primeiro minuto, o jogo desta quarta-feira poderia ter desandado quando o goleiro pouca vogal, Szczesny, defendeu o pênalti batido por Messi, confirmando a máxima de que pênalti roubado não entra. É o segundo pênalti perdido por Messi em Copas do Mundo dos três que ele já cobrou. Mas a Argentina manteve o controle e logo no início do segundo tempo Mac Alister, filho do ex-Ministro de Esportes, abriu o marcador. Aos 20 minutos o jovem Julian Alvarez fez o segundo.

Grande partida dos nossos Hermanos e linda a festa da torcida na arquibancada, com direito a Sorin, Batistuta e Zanetti cantando junto, e linda festa em Bangladesh também. O país do subcontinente indiano, ex colônia Britânica, adotou a Argentina como sua torcida no futebol depois da emblemática vitória da Albiceleste sobre a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, com os históricos “gol da mão de Deus” e “o gol do século” de Diego Armando Maradona. Segundo o jornalista argentino Fernando Duclos “historicamente humilhados pelos amos britânicos nos dois séculos que durou a colônia, os habitantes do Indostão viram nessa vitória argentina a redenção dos oprimidos e o grito dos silenciados”. As imagens da torcida em Bangladesh são realmente impressionantes.

A Polônia classificou para as oitavas de forma culposa, fez de tudo para que isso não acontecesse. Abdicou do ataque e não soube se defender. Até o último minuto do jogo de México x Arábia Saudita a classificação estava sendo definida pelos cartões amarelos. Agora enfrentarão a França nas oitavas-de-final e, se não mudarem completamente o estilo de jogo, não irão impor nenhuma dificuldade aos franceses.

O México acordou para a Copa do Mundo só no último jogo. Dominou a Arábia Saudita e fez 2 a 0. Mas precisava ter feito mais um por causa da diferença do saldo de gols. Nos acréscimos ainda viu os sauditas diminuírem, 2 a 1. Fim da sequência de sete Copas do Mundo avançando de fase. A sensação é que a equipe de Tata Martino (demitido logo após o jogo) poderia ter apresentado um futebol melhor.

A Arábia Saudita viveu um sonho ao vencer a Argentina na primeira rodada. Jogou bem até contra a Polônia e sentiu um pouco a obrigação de ganhar o jogo contra o México. Volta para casa com uma campanha digna e um feito que para sempre será lembrado.

No Grupo C, a França, com o time reserva, perdeu para a Tunísia por 1 a 0. Em certo momento os tunisianos estavam avançando para as oitavas-de-final, mas com o gol da Austrália na outra partida o sonho rapidamente acabou. Apesar da eliminação das Águias do Cartago, muita festa em Tunes e em Paris, onde vivem milhares de tunisianos. O país africano foi um protetorado francês entre 1881 e 1956. Durante a Marselhesa foi possível até ouvir vaias ao hino francês.

A derrota não muda nada para a França em relação a essa Copa do Mundo do Catar. Continuou sendo a primeira colocada do grupo. Passa a ser agora, no entanto, a seleção que mais perdeu para africanos em mundiais (Senegal 2002, África do Sul em 2010 e Tunísia em 2022).

No outro jogo do Grupo C, mais uma grande decepção nessa Copa do Mundo. A Dinamarca chegou como a melhor força média da Europa, mas volta para casa carregando um vexame daqueles. Empate em 0 a 0 com a Tunísia e derrota para a Austrália no jogo desta quarta-feira. A piada do dia foi que é isso que acontece quando se coloca saúde e educação em primeiro lugar.

Aliás, até aqui tem sido uma Copa do Mundo muito fraca das seleções médias da Europa. Polônia, Gales, Dinamarca, Bélgica, Suíça e Sérvia, ninguém mostrando um bom futebol.

A Austrália deve ser a seleção mais improvável a classificar para as oitavas-de-final. Nenhum jogador em grandes ligas, vários no fraco campeonato australiano e até atacante de time da segunda divisão japonesa. Mas conseguiu e fica difícil dizer que não foi merecido. Primeira vez que vence duas partidas em uma mesma Copa do Mundo e volta a uma fase de mata-mata depois de 2006. Objetivo muito mais que cumprido.

Hoje os jogos finais são do Grupo E e F.

Destaque para a Croácia e Bélgica em um confronto direto pela classificação. A Bélgica chega repleta de polêmicas. Até um antigo caso de triângulo amoroso, por assim dizer, envolvendo De Brruyne e Courtois voltou a ser repercutido para evidenciar o mau relacionamento do elenco. Croácia classifica com um empate e é a favorita. O time jogou bem a segunda rodada e deve avançar.

Marrocos x Canadá fazem o outro jogo do grupo. Um empate e os Leões do Atlas vão as oitavas-de-final. O Canadá, já eliminado, busca sua primeira vitória em Copas do Mundo.

Às 16h00, a Alemanha enfrenta a Costa Rica precisando da vitória. Situação similar à da Copa da Rússia, quando o adversário era a Coréia do Sul. Na ocasião a Nationalelf perdeu e foi eliminada. A Costa Rica parece ser o adversário mais fraco da chave, mas já aprontou contra o Japão e também já liderou um grupo da morte na Copa de 2014.

A Espanha joga contra o Japão e se apresentar o futebol dos primeiros jogos deve passar fácil. Em caso de derrota só será eliminada se a Costa Rica vencer a Alemanha. O Japão deixou escapar boa chance de classificar ao perder para na segunda rodada. E hoje deve pagar por isso.

Lucas Fernando é de Ariquemes/RO. Como é santista, até os 17 anos os únicos títulos que tinha comemorado foram os da Seleção Brasileira de Futebol em 94 e 2002. Talvez isso justifique sua paixão por Copas do Mundo. A cada 4 anos para quase tudo para acompanhar os jogos, inclusive aquele Tunísia e Panamá pela última rodada do Grupo do G da Copa de 2018.