Requião fala em vitória no 1º turno no Paraná e que ‘inflação derrotará Bolsonaro com facilidade’

O ex-senador e ex-governador do Paraná, pré-candidato ao Governo do Estado, Roberto Requião (PT), está em Campo Mourão desde essa quinta-feira, quando participou da “Caravana Requião”. Na manhã desta sexta-feira (6), ele esteve na sede do Jornal Tribuna do Interior, acompanhado do filho, o deputado estadual Requião Filho (PT), como é mais conhecido. Em entrevista ao jornal, Requião afirmou que acredita em sua vitória ao Governo do Paraná ainda no primeiro turno, com 60% dos votos. Prevê também que Lula vença a Eleição Nacional.

“A inflação deste ano vai derrotar o Bolsonaro com facilidade. Na minha opinião o Lula ganha a eleição”, ressaltou, ao afirmar que Bolsonaro ‘está destruindo o País a interesse de capital financeiro internacional’. “Ele quer acabar com o projeto de nação. Quer transformar o brasileiro em trabalhador mal pago, sendo escravizado a serviço do capital internacional. Não é um governo nacionalista. É um governo entreguista. E muito ruim”, avaliou.

Sobre o Paraná, Requião afirmou que precisa ‘reconstruir o Estado’. O político comentou ainda sobre sua saída do MDB após perder a presidência do partido no Estado. Ele nega ter perdido a convenção. “O partido é que saiu de mim. Perdeu a compostura, perdeu o caráter e aderiu a tudo aquilo que combatemos antes da existência dele”, frisou.

Sobre a “Caravana Requião” realizada ontem à noite em Campo Mourão, o ex-governador fez uma avaliação positiva do evento. “Tivemos representantes de 21 municípios da região”, informou, ao dizer que o projeto está tendo boa recepção em todas as regiões por onde passa. “A Caravana está sendo um sucesso”, comentou.

Roberto Requião de Mello e Silva, nasceu em Curitiba, em 5 de março de 1941. É advogado, jornalista e urbanista. Foi deputado estadual, prefeito de Curitiba, secretário estadual, governador do Paraná por três vezes e Senador da República por dois mandatos. Leia abaixo a entrevista na íntegra.

O senhor já foi prefeito de Curitiba, Secretário de Desenvolvimento do Paraná, três vezes governador do Paraná e duas vezes Senador. Agora é pré-candidato ao governo do Estado. Já percorreu inclusive várias regiões com a “Caravana Requião”. Como vem sendo sua recepção pelos paranaenses?

O objetivo principal da Caravana é discutir a economia e política com a população. Nós só vamos conseguir transformar o Paraná e o Brasil se o nível de conhecimento da população for elevado. Hoje a mídia faz a cabeça de todo mundo, as pessoas não pensam e isso tem que acabar. E eu sou pré-candidato ao Governo do Paraná por uma federação de partidos (PT, PC do B, PV). Estamos tentando fazer uma coligação mais ampla no Paraná. A caravana tem sido sempre muito bem mobilizada, muita gente participando e termina sempre com empolgação dos participantes em cima das informações que recebem. A caravana está sendo um sucesso.

Gostaria que o senhor explicasse a sua saída do MDB. O senhor perdeu a convenção deixando o partido. Não tinha outra alternativa que não fosse não deixar o partido? Como foi essa sua saída do grupo?

Eu não perdi a convenção. O partido é que saiu de mim. A convenção foi adquirida pelo Governo do Estado e pelo Bolsonaro. O PMDB do Paraná está apoiando o pedágio, o aumento da tarifa de água, energia elétrica, votando a favor de um governo que está cobrando impostos pesados das pequenas empresas e dá isenção fiscal para as multinacionais. O partido perdeu a compostura, perdeu o caráter e aderiu a tudo aquilo que combatemos antes da existência do partido. Eu fui o fundador do partido no Paraná. Fui o filiado número um do PMDB.

O que fez o senhor escolher o PT para disputar o Governo do Paraná?

Procurei uma filiação partidária que estivesse brigando pelo Brasil. Contra a entrega do petróleo, contra o massacre dos trabalhadores e dos empresários brasileiros. Estamos vivendo um momento de inflação enorme e o PMDB apoiando isso. O partido acabou. Na minha opinião não faz mais nenhum deputado. O PT tem uma base muito boa no Paraná e no Brasil. Claro, minha posição é que ladrão de dinheiro público tem que ir para a cadeia. No PT tinham alguns ‘Palocci da vida’, todos os partidos tinham, mas a base do PT é intensa com a população, uma base transformadora.

As pesquisas apontam como seu principal adversário o atual governador Ratinho Júnior. Como enfrentar Ratinho?

Eu fiz o governo com 320 programas de atendimento à população do Paraná. Hoje não tem nenhum. Nossa preocupação não é com negócios e sim com a vida do nosso povo paranaense que hoje está abandonado.

O senhor foi governador por três mandatos. O que tem a oferecer para o Estado agora caso eleito?

O que nós já oferecemos melhorado com a experiência. Apoio à agricultura de alimentos, apoio ao agronegócio que é uma glória no Paraná. Eu reduziria imediatamente a tarifa de água e luz. Afastaria toda a diretoria da Copel e Sanepar que estão sacrificando a população para dar lucro a acionistas que não sabem nem onde fica o Paraná. É um horror isso. Aí você me pergunta: É fácil fazer isso. Eu fiz uma vez e faço de novo e melhor.

Requião, o senhor se aproximando de Lula no PT no Paraná tem a ganhar ou Ratinho se aproximando de Bolsonaro, tem a perder? Qual sua opinião sobre isso?

Não é questão de perder ou ganhar. O atual governo está fazendo o governo do neoliberalismo econômico, fazendo à moda do Guedes (Ministro da Economia de Bolsonaro) para o lucro dos grandes capitais que não tem nenhuma preocupação com o povo do Estado. É esta a comparação. Vamos discutir isso no processo eleitoral. Imagino que podemos ganhar esta eleição no primeiro turno com 60% dos votos.

Olhando para a política paranaense. Hoje temos talvez Álvaro Dias para o Senado, assim como a possível volta de Beto Richa para a Câmara. São rivais políticos históricos do senhor. Que cenário o senhor acredita que o eleitor paranaense terá não só para governo mas em relação a outros cargos nas eleições de outubro?

Não temos cenário hoje. O cenário é uma ausência de participação na política estadual e nacional. Eu gostaria de fazer uma coligação ampliando ainda mais a nossa posição no Paraná. O Senador podia ser indicado por outros partidos ou não. Mas a trativa que fazemos é neste sentido.

O Estado ficou conhecido no Brasil todo por ser a sede da Operação Lava Jato. Surgiu inclusive a expressão ‘República de Curitiba’. Que avaliação o senhor faz hoje, à luz de tudo que a gente sabe, do papel da Lava Jato na história brasileira?

A Lava Jato me empolgou no começo. Foi eu que convidei o Sérgio Moro [ex-juiz da Lava Jato] para falar no Senado pelas primeiras duas vezes. Mas depois percebi que eles não eram contra a corrupção. Estavam a serviço de interesses da economia monopolizada e do capital ‘vadio’ para entregar o domínio do Brasil acabando com projeto nacional de soberania. Isso se confirmou quando o Moro virou Ministro do Bolsonaro e hoje como pretenso candidato a presidente da República quer vender a Petrobras. Quer vender isso, aquilo… Ou seja, não tem um projeto nacional, não tem nada com o Brasil. Estavam subordinados a interesses que não são os nossos.

Que avaliação o senhor faz do Governo Bolsonaro?

Um governo que está destruindo o País a interesse de capital financeiro internacional. Ele quer acabar com o projeto de nação. Quer transformar o brasileiro em trabalhador mal pago, sendo escravizado a serviço do capital internacional. Não é um governo nacionalista, é um governo ‘entreguista’. E muito ruim. A inflação deste ano vai derrotar o Bolsonaro com facilidade. Na minha opinião o Lula ganha a eleição.

Deixo o espaço aberto ao senhor…

O Paraná é um dos melhores estados do Brasil extraordinariamente mal administrado. O que está acontecendo é uma molecagem. A nossa tarefa é reconstruir o Estado.