Propriedades rurais se tornam alvos de bandidos na região

A ação de bandidos contra propriedades rurais vem se tornando cada vez mais comum na região da Comcam. Uma fazenda na região de Goioerê foi assaltada por uma quadrilha fortemente armada. Com fuzis em punhos, os bandidos renderam a família da propriedade e roubaram vários objetos. A ação criminosa aconteceu na Fazenda Nossa Senhora, na cidade de Rancho Alegre D'Oeste. 

As vítimas foram surpreendidas por três ladrões encapuzados, usando luvas e armados de fuzil, submetralhadora e pistola. As vítimas informaram à Polícia Militar que estavam sentadas do lado de fora da residência quando os criminosos chegaram e trancaram todos em um cômodo da residência.

Os bandidos reviraram toda a casa em busca de objetos de valor. EM seguida fugiram levando uma caminhonete Hilux SW4 de cor prata, placas AYN-6376, um rádio da marca Mondial, carteira com documentos e cartões, notebook, um aparelho televisor 32 polegadas da marca LG, R$ 3,5 mil em espécie, jóias, e oito aparelhos celulares. A Polícia Militar (PM) foi acionada e realizou buscas. Porém os criminosos não foram localizados até o momento.

Vulnerabilidade

A ação não é exceção na região de Campo Mourão. Segundo levantamento divulgado pela Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), a vulnerabilidade das zonas rurais vem tornado o homem do campo e sua família alvos de quadrilhas em todo o Estado. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), ao longo dos últimos dois anos e meio, o Paraná registrou 2.354 roubos a propriedades rurais (quando bandidos armados rendem as vítimas) e 19.261 furtos (em que ladrões levam os bens quando a vítima não está no local ou não percebem a ação). 

Além disso, 1.026 veículos foram furtados e 750 foram roubados no meio rural. Juntos, são quase 23,4 mil ocorrências em meio rural, no período: média de 779 por mês. Por um lado, o número de casos vem caindo, mas ainda estão em um patamar preocupante: são 25 furtos ou roubos em meio rural por dia. Os dados dizem respeito apenas aos crimes em que as vítimas registraram boletim de ocorrência.

“É um tipo de ocorrência que nos preocupa. O produtor rural trabalha de sol e a sol, paga seus impostos e, mesmo durante a pandemia do novo coronavírus, manteve a produção e sustentou a economia. Fazemos nossa parte da porteira para dentro. Precisamos que o poder público faça a parte dele e garanta nosso direito à segurança. Precisamos ter segurança para continuar produzindo”, cobra o presidente da Faep,  Ágide Meneguette.

Segundo dados da Faep, cada vez mais os bandidos estão de olho em bens específicos, diretamente relacionados à atividade rural, como máquinas e insumos, além dos próprios produtos agropecuários. Para as forças de segurança, este tipo de crime só se sustenta porque há receptadores, aquele que compra os produtos furtados ou roubados.

Conforme a Faep, a prevenção e a investigação de crimes ocorridos em meios rurais esbarram em um problema estrutural crônico. A Polícia Militar (PM) – corporação responsável pelo trabalho preventivo – tem um efetivo de 19,2 mil agentes, dos quais 12,1 mil estão lotados no interior do Paraná. Como parte deles cumpre apenas funções administrativas e o efetivo se divide em escalas, o número de policiais nas ruas a cada turno é bem menor. 

Nos municípios com menos de 10 mil habitantes, o número de policiais é insuficiente: em regra, são dois policiais na ativa, a cada turno. Com isso, é impossível que se mantenha o policiamento ostensivo, principalmente em áreas rurais, mais afastadas. Os produtores rurais reconhecem o empenho dos agentes, mas destacam a falta de infraestrutura. “A conversa com a PM tem sido boa. Eles fazem o que podem, mas são só seis policiais, em três escalas. Ou seja, são dois [policiais] por turno. E eles também têm que cuidar de outros três distritos. Não tem condições de fazer rondas, de fazer o preventivo”, apontou Wolfgang Graf, presidente do Sindicato Rural de Engenheiro Beltrão.