PGR pede condenação de goioerense que sentou na cadeira de ministro em atos golpistas

A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu a condenação do goioerense João Claudio Tozzi, pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ele está preso preventivamente desde o dia 9 de novembro de 2023. Foi encontrado pela Polícia Federal de Maringá, no município de Engenheiro Beltrão. Estava foragido.

A Procuradoria requereu a condenação do acusado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido. Sua pena pode chegar a 20 anos de prisão.

O investigado desapareceu de Goioerê desde os episódios registrados em janeiro. Ele morava em uma casa alugada com dois filhos e deixou meses de aluguel atrasado. O empreiteiro, que chegou a divulgar um vídeo em suas redes sociais no dia dos ataques chorando e comemorando os atos, é acusado de ter sentado na cadeira de um dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Natural de Goioerê, ele foi localizado e preso em Engenheiro Beltrão. Tozzi, que se auto intitulava “bolsonariano”, disputou pelo Partido dos Trabalhadores (PDT) uma vaga de vereador em 2020 em Goioerê usando o nome de urna João Cláudio Bolsonaro Tozzi, para homenagear o então presidente. Ele recebeu apenas 57 votos, não se elegendo.

Após o anúncio da vitória de Lula, João Cláudio participou dos bloqueios em estradas promovidos por apoiadores de Bolsonaro e chegou a convocar manifestantes para o ponto de reunião na rodovia que dá acesso à cidade de Goioerê. Ainda no final de novembro de 2023, ele deixou a cidade em direção ao Distrito Federal, onde se instalou no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, até o dia 8 de janeiro.

Após a invasão dos prédios públicos, o empreiteiro chegou a divulgar um vídeo em suas redes onde chorava e comemorava os atos. A participação dele no crime só foi identificada por meio de sua impressão digital, deixada em uma vidraça da sede do Supremo. Os investigadores ainda o flagraram dentro do STF, sentando na cadeira de um ministro. O setor de perícia da PF cruzou as imagens das câmeras de segurança com o material genético recolhido no local.

Operação Lesa Pátria

As investigações dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro foram feitas no âmbito da Operação Lesa Pátria, que é permanente e tem atualizações periódicas em relação ao número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e suspeitos foragidos. A apuração da PF é de que os valores dos danos causados ao patrimônio público passaram de R$ 40 milhões.

Até o momento, a operação acumula 29 fases que culminaram com 409 mandados de busca e apreensão, e 322 prisões preventivas e temporárias.