Alto volume de chuvas prejudica lavouras de soja, levando ao replantio de algumas áreas

O aumento dos índices pluviométricos vem preocupando produtores rurais que já implantaram a lavoura de grãos – soja e milho – no Paraná. Na região de Campo Mourão, no município de Roncador, por exemplo, alguns agricultores terão que replantar culturas de soja. Outra dificuldade tem sido encontrar sementes para replantio.

De acordo com o técnico agropecuário do IDR–Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar–Emater) de Roncador, Messias Kalinoski, este mês já foi registrada uma quantidade expressiva de chuva no município: 200 milímetros até essa quarta-feira (18). “Nós estamos em outubro, que é o mês do plantio da soja, e já estamos com aproximadamente duzentos milímetros de água em cima da cultura da soja. Isso já foi uma coisa que prejudicou uma parte de quem plantou e está tendo que replantar. Então, já deu algum prejuízo aos produtores”, ressaltou.

Conforme Kalinoski, um produtor de grande porte do município informou que teve 5% do plantio semeado até o momento afetados pelas fortes chuvas. Com isso, terá de fazer o replantio da área prejudicada. “Segundo ele, está com dificuldades de encontrar sementes para fazer esse replantio”, explicou Kalinoski, comentando que o produtor não descarta ser obrigado a plantar milho no lugar, por falta de semente de soja.

A TRIBUNA ouviu também o agricultor Marcio Boselo, da comunidade Cancam, saída para Mato Rico. Ele disse que o excesso de chuva está prejudicando o plantio de soja em sua propriedade. Explicou que, como já tem uma grande área plantada do grão, cerca de 70%, com o alto volume das chuvas, o solo acabou ‘lacrando’ em algumas áreas. Com isso, a planta não consegue emergir. “Já teve, da área plantada, uns 10% que vai ter que replantar”, falou, preocupado.

Boselo informou que o maior volume de chuva registrado em sua propriedade ocorreu nos dias 8 e 9 deste mês. Foram 120 mm apenas nesses dois dias. Já na última semana, tiveram vários dias com precipitação, porém com volumes mais baixos, variando de 5 a 10 mm.

O produtor comentou, ainda, que, além das chuvas, o que também tem preocupado os agricultores são os altos preços dos insumos. “Se for pensar, só em sementes e o serviço de replantar, custa em torno de uns dois mil reais por alqueire”, lamentou Boselo.

Ele destacou que, por este se tratar de um ano em que há incidência do El Niño, sabe que haverá grandes quantidades de chuvas. Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia, esse é um fenômeno em que as águas do Oceano Pacífico ficam, pelo menos, 0,5°C acima da média por um período de tempo de, no mínimo, seis meses.

Apesar disso, Boselo contou que geralmente anos de El Niño são produtivos. “Todo mundo tem esperança de produzir bem”, falou, com otimismo, acrescentando que os produtores estão na expectativa de que os preços das commodities melhorem em breve.

Algumas das medidas do IDR-Paraná informadas pelo técnico agropecuário para auxiliar os produtores são orientá-los a fazer plantio direto e conscientizá-los sobre o manejo de solos e água através de curvas de nível. Além disso, Kalinoski destacou que a prefeitura do município também está fazendo readequação de estradas rurais.

Previsão do tempo

De acordo com a previsão do tempo do Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), o restante da semana segue com tempo instável, com chuvas irregulares e localizadas por todo o estado. A previsão é de que haja uma trégua neste sábado (21) e domingo (22). O início da próxima semana terá novamente aumento na instabilidade. A estimativa é de chuvas principalmente na região sul do estado, nas proximidades de Santa Catarina. A partir de terça-feira (24), há chances de mais precipitação em diferentes regiões do estado.