Cidades maiores acabaram ‘importando’ habitantes de municípios menores

Dados do IBGE divulgados na última semana indicam que, dos 25 municípios da região de Campo Mourão, 18 perderam população. Mas quais as causas? Pós Doutora em Geografia Humana e Regional, Gisele Ramos Onofre, coordenadora do curso de Geografia da Unespar – Campus de Campo Mourão -, indica a migração entre municípios da própria Mesorregião, como o fator preponderante. De uma maneira geral, cidades pólo – maiores -, acabam recebendo pessoas de cidades menores, as chamadas cidades periféricas.

E a explicação não é de difícil compreensão. Segundo ela, a proximidade e infraestrutura organizacional, principalmente, em termos de emprego, saúde e lazer, acaba facilitando a mobilidade populacional entre os municípios. “Em síntese, a realidade pós pandêmica ocasionou baixas populacionais em termos de crescimento no país. Mas considerada a taxa de natalidade nacional, em torno de 1,65 %, não se pode, em termos quantitativos, observar o decréscimo populacional”, disse.

Analisando mais especificamente a região de Campo Mourão, Gisele não tem dúvidas que, a massa populacional “perdida” pelas pequenas cidades, acabou parando nas maiores. E as “vítimas” acabaram sendo municípios com população inferior a 15 mil habitantes. “Essas pessoas deixaram seus habitats naturais por questões relacionadas à falta de emprego e também, de atendimento médico”, explica.

Segundo Gisele, outro aspecto importante se mostra quanto a falta de políticas públicas, ainda distantes de agricultores campesinos. “Por conta da burocracia exigida, continuamos assistindo ao fenômeno do êxodo rural, que nunca parou. Este fator acaba levando muitas pessoas da área rural, tanto para a área urbana, como para outros municípios maiores da região ou, até para outros estados” disse.

Falta de emprego e condições à saúde estão atrelados aos resultados mostrados pelo IBGE, defende a pós-doutora em Geografia Humana e Regional de Unespar, Gisele Ramos Onofre

De certa forma, as explicações para a dinâmica de crescimento populacional no Paraná, tem como palco um cenário pós-pandêmico, que denota uma perspectiva atípica de organização espacial. Dos estados brasileiros, segundo Gisele, o Paraná foi um dos que apresentou melhores desempenhos em termos econômicos, notadamente, no setor agropecuário. “Esse fato representou um acréscimo populacional em mais de 62% dos municípios paranaenses. Todavia, os chamados municípios periféricos, apresentaram decréscimo populacional, 18 deles, somente na nossa região”.

Resumidamente, ser periférico, segundo a Pós Doutora, é possuir uma infraestrutura limitada para atender sua população, que sobrevive na dependência dos demais municípios ao entorno. Na Comcam, as particularidades municipais também explicam a dinâmica de municípios periféricos que perderam população. “Aqui, 35% dos municípios diminuíram os dados de população absoluta. No entanto, se comparada a dinâmica de crescimento populacional do estado, analisa-se que essa região teve menor decréscimo que a média estadual”, destacou ela.

Na Comcam apenas sete municípios obtiveram alta populacional. A maior deles foi registrada em Ubiratã, com 14,80%. Campo Mourão, vem depois, com 14,04%. Seguidos por Terra Boa, 11,36%, Araruna, 7,94%, Campina da Lagoa, 2,14%, Juranda, 1,7% e Iretama, 0,58%.