Com prazo de plantio do milho safrinha no fim, produtores intensificam trabalhos em 13 município hoje e amanhã

Faça sol ou faça chuva. Com terra seca ou molhada. Sem escolha, produtores rurais dos municípios de Araruna, Boa Esperança, Campina da Lagoa, Mamborê, Nova Cantu, Peabiru, Campo Mourão, Corumbataí do Sul, Farol, Juranda, Luiziana e Roncador, estão com as máquinas a todo vapor neste domingo (27) e segunda-feira (28) para concluir a implantação do milho segunda safra obedecendo o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que encerra nesta segunda (28), nestas cidades. Quem plantar fora deste prazo pode correr o risco de ficar sem seguro agrícola ou de fora do Proagro.

O detalhe é que muitos produtores estão sendo obrigados a semear o milho com o solo seco. Ou seja, sem condições favoráveis de plantio. Há dias não há chuvas com volume significativo na região. Outros, nem sequer semearão o milho, já que a safra da soja ainda nem foi retirada do campo.

É que como houve uma demanda muito grande por seguro agrícola em toda a região, os peritos de seguradoras não deram conta de atender todos a tempo. Ou seja, o seguro agrícola vai acabar dando prejuízos há muito produtores. É o que afirma o agricultor Geraldo Camilo, de Boa Esperança. Ele tem mais de 40 anos na atividade, e disse jamais ter visto uma situação tão emblemática como a atual.

De acordo com estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral), núcleo Regional de Campo Mourão, vinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), os produtores reservaram 442 mil hectares de milho safrinha para esta temporada. Até o último dia 24 deste mês, quando foi divulgado o último balanço, o plantio havia atingido 27% da área total. O Deral trabalha com uma estimativa inicial de produção de 2.321.000 toneladas de milho, média de 5.500 sacas por alqueire.

Porém, as condições com que a semente está sendo implantada, produtores rurais ouvidos pela TRIBUNA, acreditam que dificilmente esta produção será atingida. “Não é questão de ser pessimista não. O problema é que só pelo fato de fazer o plantio em situação desfavorável já é o suficiente para derrubar esta estimativa. Com certeza iremos ter frustração de safra”, comentou o agricultor José Olegário, da região de Quinta do Sol.

Ele semeou 100 alqueires de milho. Do total, foram plantados cerca de 60 até este sábado. “Estou pensando em deixar o restante para plantar fora do zoneamento. O solo está muito seco. Para germinar bem é necessário uma chuva de no mínimo 20 a 30 milímetros. Essas chuvinhas de ‘manga’ de 5 a 10 mm vai fazer com que a plantação nasça toda falhada já com potencial de produtividade comprometido”, disse.

Produtores da região, especialmente destes 13 municípios citados, tentaram junto a autoridades políticas e ao Ministério da Agricultura prorrogar o prazo do zoneamento agrícola por mais 10 dias. Caso conseguissem, teriam até o dia 10 de março para concluir o plantio. A expectativa era esperar mais chuvas. Porém o Ministério da Agricultura não autorizou a prorrogação.

Boletim semanal

Boletim semanal divulgado pelo Deral no dia 24, o último do mês, apontou que a produção esperada para a primeira safra de milho 21/22 deve ficar em 2,76 milhões de toneladas no Paraná, uma perda estimada de 1,5 milhão de toneladas ou 35% a menos da expectativa inicial que era de 4,26 milhões de toneladas. Esta semana a colheita atingiu 38% dos 434 mil hectares plantados no Estado. Já as condições de lavoura das áreas a colher são de 42% em situação boa, 36% mediana e 22% em condição ruim.

“Em relação a segunda safra houve revisão de área e a expectativa é que tenhamos 2,63 milhões de hectares plantados no Estado. Neste momento o plantio atingiu um milhão de hectares ou 38% da área prevista. A previsão, no cenário atual, é que a produção supere 15 milhões de toneladas”, informa o documento.

ERRAMOS

Havíamos divulgado anteriormente que o plantio do milho segunda safra havia atingido 80% da área na Comcam. No entanto, a informação foi divulgada erroneamente. Até aquela data, o número correto era 27% da área plantada.